O preço base da hasta pública é de 3,6 milhões de euros, o mesmo valor pago em 2012 pelo município para aquisição do edifício.
O município sublinha que elaborou um caderno de encargos que, “além de salvaguardar integralmente” a volumetria da antiga fábrica, prevê a construção, nos terrenos adjacentes, de um novo edifício destinado exclusivamente a residência universitária, com capacidade para 300 unidades de alojamento.
O documento prevê também a criação, no edifício principal, de um centro interpretativo/museu da memória da Confiança e serviços de apoio à residência universitária.
“Com esta estratégia arquitetónica será possível repor a integridade do antigo edifício, salvaguardando-se a memória e o espaço da Via Romana XVII, e retomar a Rua do Pulo, que havia sido interrompida no passado com a ampliação das instalações fabris”, sublinha o comunicado.
Refere ainda que o caderno de encargos “garante a memória e integridade do edifício e potencia a ligação à cidade, em especial à Universidade do Minho”.
O caderno de encargos foi elaborado após a aprovação do pedido de informação prévia (PIP), que contou com parecer favorável da Direção Regional de Cultura do Norte e do Conselho Nacional de Cultura.
Este parecer é necessário, uma vez que o edifício está em vias de classificação como imóvel de interesse público.
A alienação do edifício é contestada por PS, CDU e Bloco de Esquerda, e também pela Plataforma Salvar a Fábrica Confiança, que defendem que o imóvel deveria continuar na esfera pública e ser convertido num equipamento cultural.
Alegam que será um “negócio da China” para o privado que comprar, já que pagará, em 2020, o mesmo valor que a câmara pagou em 2012 quando adquiriu o edifício.
Dizem ainda que o argumento da residência universitária é um “embuste”, sublinhando que, “quando muito”, o que poderá ali nascer será “uma residência para universitários”, a preços elevados.
Criticam igualmente a alienação “do último reduto da memória industrial” da cidade.
A plataforma interpôs uma providência cautelar, aceite pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, em que alega que há violação do Plano Diretor Municipal (PDM).
Segundo a plataforma, o que está previsto para o local não é uma residência universitária, mas sim “um empreendimento marcadamente imobiliário no mercado livre do alojamento, com uma eventual estratégia de marketing dirigida para o mercado universitário”.
Sublinha que o PDM consagra aquela zona para equipamentos.
A providência cautelar suspende o PIP, pelo que, alerta a plataforma, um eventual comprador na hasta pública de hoje “não tem qualquer garantia” de poder construir no local.
A fábrica Confiança foi desenhada por José da Costa Vilaça e inaugurada em 1921, tendo produzido perfumes e sabonetes até 2005.
Em 2012, foi adquirida pela câmara, então presidida pelo socialista Mesquita Machado.
Chegou a ser aberto um concurso de ideias para o edifício, mas entretanto, em 2013, a câmara mudou de mãos e em setembro de 2018 a nova maioria PSD/CDS-PP/PPM votou pela venda, alegando que, por falta de fundos disponíveis para a reabilitação, o edifício se apresenta em “estado de degradação visível e progressiva”.
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