Rita Marques falava aos jornalistas à saída de uma reunião na Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), em Faro, onde se reuniu com os responsáveis de vários setores da região para os auscultar sobre as propostas “mais consequentes e exequíveis” a apresentar ao ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, “e poder garantir os postos de trabalho.”
A governante realçou a preocupação das associações empresariais em “garantir que os regimes de ‘lay-off’ pudessem ser devidamente articulados com ações de formação para viabilizar a requalificação dos ativos que não podem laborar”.
“Agosto e os próximos meses vão ser difíceis, mas vamos dar tudo por tudo para preservar os empregos. Essa é a nossa maior preocupação e garantir que em 2021, com a retoma, possamos ter cá as empresas e os trabalhos disponíveis, a abraçar essa retoma”, adiantou Rita Marque.
Na reunião estiveram presentes, entre outras, associações empresariais do turismo, comércio e agricultura, significando que esta crise se estende além da principal atividade da região, afetando outros setores dependentes da atividade turística.
“As nossas perspetivas para este ano são de uma redução de faturação da ordem dos 800 milhões de euros, podendo o valor ser ainda superior, o que representa entre 70 a 80% dos 1.250 milhões de euros faturados em 2019”, revelou o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve.
Elidérico Viegas assinalou que os “cerca de quatro mil trabalhadores normalmente contratados para a época turística não o foram” e que se não houver “medidas de apoio até à Páscoa do próximo ano”, nomeadamente “medidas excecionais que permitam apoio as empresas” nesse período, poderá haver “extinção de postos de trabalho em setembro e outubro”.
Já o delegado regional da Associação de Hotelaria de Portugal destacou que, além do 'lay-off', seria importante “um apoio para as empresas que se queiram manter abertas, à semelhança do que se faz na Alemanha, com um apoio por colaborador”, cabendo depois à empresa decidir o que fazer.
“É mais importante o colaborador receber o apoio, mas estar a trabalhar e a contribuir para que o destino não feche. Se o apoio é para os trabalhadores irem para casa, praticamente todas as empresas vão fechar e isso não nos interessa como destino turístico”, afirmou João Soares.
Para o empresário, houve “muitas unidades hoteleiras, nomeadamente na zona de Albufeira, muito dependentes do mercado britânico” que, com o anúncio do Governo do Reino Unido de não incluir Portugal no grupo dos países seguros, “não chegaram a abrir”.
“Aguardam novidades no final do mês, mas já é tudo muito tarde”, considerou.
Em relação ao mercado britânico, a secretária de Estado disse que mantém a esperança de que os “dois mil voos previstos até setembro” se mantenham e que haverá um “esforço grande” para atrair estes turistas, mas também os da "Alemanha, França, Itália ou de Espanha”.
O setor do turismo foi dos mais afetados desde o início da pandemia de covid-19 e agravou-se agora mais no Algarve, na época alta, depois de vários países obrigarem os seus cidadãos a um período de quarentena no regresso se viajarem para Portugal.
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