
“Perante uma perda tão enorme para a nação portista, não podemos deixar de lamentar que até este momento não tenham sido endereçadas nenhumas condolências, nem a mim de forma pessoal, nem ao FC Porto. Amanhã [hoje] é o último dia, o da despedida para a nação portista em relação ao maior presidente do FC Porto e a alguém que nos marcou profundamente. Aguardaremos para ver se iremos ter alguma representação institucional ou não dos dois clubes de Lisboa. Se assim for, é o mínimo de todas as formas”, referiu.
Villas-Boas falava à comunicação social à chegada ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, em Pedras Rubras, no concelho da Maia, liderando o regresso da comitiva ‘azul e branca’ do Algarve, onde a equipa treinada pelo argentino Martín Anselmi se impôs na visita ao Farense (1-0), num jogo da 22.ª jornada da I Liga assinalado pelo luto por Pinto da Costa.
“Há uma cerimónia solene e iremos aguardar por alguma resposta. Não achamos muito normal este tipo de comportamento [de Benfica e Sporting], que faz esquecer uma pessoa que marcou o futebol nacional e internacional e é uma referência para o FC Porto”, notou.
Dos clubes da I Liga, Benfica e o campeão nacional Sporting foram os únicos que não expressaram reações institucionais à morte de Pinto da Costa, com quem tiveram uma rivalidade acentuada nos 42 anos e 15 mandatos do dirigente na liderança do FC Porto.
As únicas manifestações oriundas dos dois emblemas lisboetas partiram de Bruno Lage e Rui Borges, treinadores de Benfica e Sporting, respetivamente, ao enviarem condolências à família do ex-presidente portista em conferência de imprensa no sábado, após a vitória ‘encarnada’ na visita ao Santa Clara (1-0) e o empate ‘leonino’ na receção ao Arouca (1-1), ambos da 22.ª ronda.
“Custa-nos muito constatar este comportamento, principalmente quando, após a minha eleição, sempre nos tentamos pautar pelo encontro entre ‘grandes’, no sentido de melhorar o produto, estabelecer novas relações, elevar o bom nome do futebol português e caminhar para um melhor desporto e para a representatividade desta indústria”, vincou.
Ao contrário de André Villas-Boas, os jogadores do FC Porto, a equipa técnica e o diretor para o futebol profissional, o ex-capitão Jorge Costa, transitaram diretamente do aeroporto para a Igreja das Antas, no Porto, onde o velório de Pinto da Costa começou cerca das 18:00 de domingo.
Villas-Boas já tinha confirmado a sua provável ausência do funeral, com início agendado para as 11h00 de hoje, na Igreja das Antas, por respeito ao pedido feito em vida por Pinto da Costa, que não pretendia nenhum elemento da atual direção nas cerimónias fúnebres.
André Villas-Boas dedica vitória em Faro e homenagem à chegada ao Porto
O presidente do FC Porto dedicou hoje a vitoria frente ao Farense a Pinto da Costa, que morreu no sábado.
“É um primeiro dia de luto para todos os portistas. Dia de profunda tristeza e dor. Muito difícil lidar com a perda irreparável para a nação portista”, referiu André Villas-Boas, que sucedeu a Pinto da Costa, à saída do Estádio do Algarve, após o triunfo da equipa ‘azul e branca’, por 1-0, em jogo da I Liga.
André Villas-Boas considerou que, com a morte de Pinto da Costa, “perdeu-se o maior líder do FC Porto e a sua maior referência”, pois o ex-presidente foi “responsável por transformar o clube desde 1982” e redimensioná-lo aos mais variados níveis.
“[Pinto da Costa] Orientou o portismo de muita gente, seguramente o meu e de muitos outros, e queremos dedicar esta vitória ao presidente e à sua família enlutada e à qual nós prestamos os nossos sinceros pêsames”, disse Villas-Boas.
Quanto a equipa chegou ao Porto prestou a sua homenagem a Pinto da Costa.
“Vamos ter muitas saudades de Pinto da Costa, que será para sempre o presidente dos presidentes do FC Porto. Traz boas memórias, não só de vitorias, mas também de toda a sua ironia, sagacidade, palavra, conforto e alento que deu a tantos portistas para sonharem mais alto. Ficará para sempre no nosso coração”, referiu.
André Villas-Boas disse que o FC Porto disponibilizou o seu estádio para que todos os portistas pudessem prestar uma última homenagem a Pinto da Costa, mas que tal depende também da vontade da família, expressa nas últimas vontades do ex-presidente.
“Gostávamos muito de ter Pinto da Costa connosco, mas evidentemente teremos de respeitar a vontade da família. Temos estado em contacto direto e indireto com a família no sentido de, pelo menos, garantir que os portistas se possam despedir de Pinto da Costa, uma última vez”, acrescentou.
André Villas-Boas disse compreender “o momento de dor que é para toda a nação portistas, mas principalmente para a família”, pelo que entende que se “tem que dar o devido espaço para poderem decidir em conformidade para o seu familiar”.
“Gostaríamos muito, mas teremos que respeitar qualquer decisão que venha a ser tomada pela família. Temos a indicação que o carro fúnebre ira descer a Alameda em direção ao estádio e gostaríamos que pudesse entrar no Dragão”, disse.
Villas-Boas pretendia, assim, que “os sócios se despedissem do presidente”, mas também que Pinto da Costa “passasse esse momento único no estádio que construiu e no clube que ajudou a construir e que nesse momento se tocasse o hino do FC Porto”.
“Era o máximo respeito que lhe podíamos prestar”, acrescentou André Villas-Boas, que gostaria de marcar presença no funeral de Pinto da Costa, mas que só o fará com a autorização da família.
O presidente recordou que Pinto da Costa fez questão de deixar escrito que não o queria no seu funeral, pelo que considera que este não é o momento de hostilizar a sua vontade nem ir contra a sua palavra.
Para o atual presidente, Pinto da Costa marcou o portismo de muita gente e não apenas pela sua ironia e sagacidade, mas também por toda uma cultura de vitória dentro da nação portista, de adepto para adepto, de sócio para sócio.
“Moldou os nossos valores e algo que propagamos no tempo e nos nossos filhos. O seu legado não são apenas vitórias, património em títulos e em obra, mas também princípios e valores que moldam o nosso portismo e é isso que levaremos daqui para a frente enquanto FC Porto”, adiantou.
Jorge Nuno Pinto da Costa, ex-presidente do FC Porto, clube no qual se estabeleceu como dirigente mais titulado e antigo do futebol mundial entre 1982 e 2024, morreu no sábado aos 87 anos, vítima de cancro.
Pinto da Costa tinha sido diagnosticado com um cancro na próstata em setembro de 2021 e agravou o seu estado de saúde nas últimas semanas, menos de um ano depois da derrota para a presidência do clube frente a André Villas-Boas.
Empossado pela primeira vez em 23 de abril de 1982, seis dias depois de ter sido eleito sem oposição como sucessor de Américo de Sá, o ex-dirigente exerceu funções durante 42 anos e 15 mandatos consecutivos, levando o FC Porto à conquista de 2.591 títulos em 21 modalidades – 69 dos quais no futebol sénior masculino, incluindo sete internacionais.
Comentários