A sina nacional repetiu-se 23 anos depois da tentativa falhada frente à Croácia (0-4), com o número um nacional a perder por 6-0, 6-7 (3-7), 3-6, 7-6 (8-6) e 6-4 com aquele que foi o seu companheiro nos pares do US Open e a ‘condenar’ Portugal à manutenção no Grupo I da Taça Davis.
João Sousa entrou no ‘Centralito’, palco de tão belas memórias do ténis português, com o peso de um país e de um sonho eternamente adiado nas costas, e isso tornou-se demasiado evidente logo nos primeiros minutos do encontro com Struff.
Curiosamente, o único instante em que o número um nacional esteve remotamente perto de quebrar o serviço do adversário foi no primeiro jogo, quando o 54.º tenista mundial cometeu uma dupla falta e lhe ofereceu um ‘break-point’. Mas o ‘gigante’ alemão salvou esse e outro ponto para quebra de serviço, antes de iniciar a ‘humilhação’ do vimaranense.
Mantendo a toada das duas primeiras jornadas do ‘play-off’, Sousa debateu-se com o seu serviço, cedendo um primeiro ‘break’ e um segundo, no quarto jogo, depois de dispor de uma vantagem de 40-0.
Num momento confrangedor para todos aqueles que lotaram o ‘court’ mais famoso do complexo de ténis do Jamor (Oeiras), Sousa, estranhamente apático, afundou-se, perdendo o serviço pela terceira vez para entregar o primeiro ‘set’ por 6-0, em 23 minutos.
O desastre parecia iminente e o melhor tenista português de sempre – a atestá-lo estão os dois títulos ATP (Kuala Lumpur, em 2013, e Valência, em 2015) e o 28.º lugar no ‘ranking’ mundial (em maio de 2016) – não encontrava argumentos para contrariá-lo, com Struff a passear-se placidamente e a ganhar nove jogos consecutivos.
Depois de sofrer quatro ‘breaks’, Sousa agarrou finalmente um jogo de serviço e reencontrou-se, conseguindo o ‘contra-break’ no quinto jogo, num momento que em o número um germânico serviu mal.
A igualdade no marcador arrastou-se até ao ‘tie-break’, com o mais cotado dos jogadores lusos, como em tantos outros momentos da sua carreira, a fazer da garra a sua arma para impor-se por 7-3.
A vitória no segundo parcial serviu como bálsamo para o 57.º jogador ATP, que, transfigurado, conquistou o ‘break’ no sexto jogo do terceiro ‘set’ e ganhou uma vantagem que até esteve a ponto de ser maior, quando teve um ‘set point’ no serviço de Struff, com o marcador a 5-2.
Confirmado o triunfo no terceiro parcial, com 6-3, Sousa permitiu o ‘break’ logo no segundo jogo, mas soube aproveitar um jogo de serviço desastrado para conseguir o ‘contra-break’ de imediato.
Apesar de ter levado a decisão a ‘tie-break’, o português teve sempre mais dificuldades no seu serviço, tendo mesmo evitado um ‘set point’ do adversário no décimo jogo. Mais seguro a servir, Struff acabou mesmo por triunfar por 8-6, já depois de ter anulado um ‘match-point’ do jogador nacional a 5-6.
Sousa acusou a oportunidade desperdiçada e entregou o primeiro jogo do derradeiro ‘set’, mas ainda nivelou, ao devolver o ‘break’ no quarto jogo, para adiar ao máximo um desfecho que se pressentia a cada serviço do número um luso.
A servir para igualar a cinco, o número um nacional cedeu finalmente à pressão de Struff, que fechou o ‘set’ e o ‘play-off’ com 6-4, depois de três horas e 14 minutos de encontro.
O rosto de João Sousa, que também perdeu com Cedrik-Marcel Stebe na sexta-feira, tornou-se então o espelho da desilusão nacional, com Portugal a falhar novamente, 23 anos depois da primeira tentativa, a inédita subida ao Grupo Mundial da Taça Davis.
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