
A produção, construída como uma colagem de imagens, narra a difícil vida da nadadora americana Lidia Yuknavitch, sobrevivente de abusos durante a infância, que escreveu na sua autobiografia.
Stewart lutou por anos para conseguir realizar o projeto após constatar que os produtores consideravam o tema "realmente desinteressante". "Não me considero parte da indústria do entretenimento", diz a estrela da saga "Crepúsculo".
A realizadora conta ter ficado obcecada pela história e pelos relatos de Yuknavitch durante muito tempo.
"Eu simplesmente nunca tinha lido um livro assim, que grita para ser um filme, que precisa ser uma coisa viva", disse à AFP.
O fato de Yuknavitch ter sido "capaz de enfrentar coisas realmente feias, processá-las e oferecer algo com que se possa viver, algo que realmente tenha alegria" é inspirador, acrescentou.
O filme recebeu boas críticas da imprensa especializada, como Variety e The Hollywood Reporter.
"Salva-vidas"
"A razão pela qual, realmente, queria fazer o filme é porque achei hilariante, de uma forma eufórica e empolgada, como se estivéssemos a contar segredos. Acho que o livro é um verdadeiro salva-vidas", disse Stewart, que também escreveu o guião.
"Ser mulher é uma experiência realmente violenta (...) mesmo que não tenha o tipo de experiência extrema que mostramos no filme ou que Lidia suportou e escapou lindamente", considerou a realizadora.
Stewart insistiu que não havia paralelos entre a sua vida e o livro. "Não preciso de ter sido abusada pelo meu pai para entender como é ter algo tirado de nós, ter a voz silenciada e não confiar em si mesma. São necessários muitos anos para que isso desapareça. Acho que esse filme ressoa em qualquer pessoa que esteja aberta e sangrando, o que representa 50% da população".
A cineasta disse aos repórteres que nunca se sentiu tentada a interpretar Yuknavitch.
Para o papel principal, escalou a atriz britânica Imogen Poots, que considera "a melhor atriz de nossa geração. É tão exuberante, bonita e realmente se abriu para este filme".
O elenco também é composto por Earl Cave, filho do cantor Nick Cave, como o primeiro marido da nadadora e Kim Gordon, da banda de rock Sonic Youth, como uma dominadora.
A energia onírica em sua produção é como "um músculo rosa pulsante", que Poots conseguiu capturar, canalizando a luta feroz, mas muitas vezes caótica, de Yuknavitch para se reconstruir e encontrar prazer e felicidade na sua vida.
O livro da nadadora "medita sobre o que a arte pode fazer por si depois das pessoas fazem coisas com o seu corpo - a violação e o roubo do desejo. O que é uma experiência muito feminina", segundo a própria.
"Somente as histórias que contamos a nós mesmas, mantêm-nos vivas", afirmou.
Para Stewart, Yuknavitch descobriu que a única forma de recuperar o desejo era "personalizá-lo... e reutilizar as coisas que lhe foram dadas para torná-las suas".
"Não estou a ser dramática, mas, como mulheres, somos segredos ambulantes", concluiu.
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