Em causa estão as declarações de Bruno de Carvalho publicadas no Facebook na sequência da derrota dos Leões frente ao Atlético de Madrid, a 5 de abril, em jogo a contar para Liga Europa.
Em despacho, o juiz do Tribunal do Barreiro considerou que "tais comentários potenciaram um clima de animosidade que já existia entre a Juve Leo, os jogadores e equipa técnica face a alguns inêxitos desportivos".
O juiz diz ainda que Fernando Mendes, ex-líder da Juventude Leonina, já tinha dias antes incentivado à prática de atos violentos e mostrou-se certo de que os arguidos se deslocaram a Alcochete com o intuito de agredir os jogadores e a equipa técnica.
"Envolvidos neste espírito de terror, os presentes arguidos engendraram o plano que colocou 'os soldados' à frente, de cara tapada, ficando para trás, de cara destapada, conferindo os estragos e as vitórias que, pelo menos neste desafio, tiveram", escreve o magistrado.
Os testemunhos em tribunal são contraditórios, mas há arguidos que apontam Fernando Mendes como o organizador da incursão.
O juiz considera ainda que estes atos colocaram em causa a realização do Mundial de Futebol na Rússia, onde a comitiva portuguesa já se encontra.
"Os arguidos sabiam que punham em causa a representação de Portugal no mundial de futebol na Rússia, denegrindo a imagem do futebol português perante os organismos internacionais, diminuindo as capacidades física e psíquica dos jogadores e prejudicando gravemente as aspirações de muitos portugueses na vitória da seleção".
No passado dia 15 de maio, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na Academia do clube em Alcochete por um grupo de cerca de 40 pessoas encapuzadas, que agrediram técnicos, jogadores e ‘staff’. Dos atacantes foram detidos 27, que ficaram em prisão preventiva.
Entre os detidos estão o ex-líder de claque do Sporting Juventude Leonina Fernando Mendes e o condutor e os ocupantes da viatura que no dia das agressões entrou nas instalações da Academia do Sporting em Alcochete e retirou alguns dos alegados agressores.
A crise no Sporting já levou à rescisão de seis jogadores — Bas Dost, William de Carvalho, Gelson Martins, Bruno Fernandes, Daniel Podence e Rui Patrício — e conduziu à saída do técnico Jorge Jesus, que assinou pelo clube saudita Al Hilal.
Paralelamente à crise desportiva, no âmbito de uma investigação do Ministério Público sobre alegados atos de tentativa de viciação de resultados em jogos de andebol e futebol, tendo como objetivo o favorecimento do Sporting, foram constituídos sete arguidos, incluindo o ‘team manager’ do clube, André Geraldes.
Na sequência destes acontecimentos, os elementos da Mesa da Assembleia Geral (MAG), a maioria dos membros do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.
De seguida, realizaram-se reuniões da MAG demissionária e membros do CFD com a direção, que culminaram com a decisão anunciada por Jaime Marta Soares de marcar uma Assembleia Geral para votar a destituição do órgão liderado por Bruno de Carvalho, agendada para 23 de junho, tendo ainda sido criada uma comissão de fiscalização para o CFD.
Entretanto, o Conselho Diretivo (CD) do Sporting decidiu por seu lado substituir a MAG e respetivo presidente através da criação de uma comissão transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, aprovação de duas alterações estatutárias e análise da situação do clube e prestação de esclarecimentos aos sócios, e convocar uma Assembleia Geral Eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.
O braço de ferro entre as diferentes entidades prossegue e já chegou a tribunal, com o Tribunal Cível a considerar Jaime Marta Soares como legítimo presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting e a validar a convocação de uma reunião magna para dia 23, apesar de faltarem os meios adequados para a realizar.
Já Bruno de Carvalho reitera que o encontro não terá lugar e desafia os sócios a apresentar nos serviços do clube um pedido de uma Assembleia Geral destituitiva do Conselho Diretivo, prometendo que a mesma se realizará no prazo de 8 a 10 dias.
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