Numa mensagem publicada esta manhã na rede social Facebook, Bruno de Carvalho — que ontem se mostrou disponível a avançar com a demissão caso os seis jogadores que pediram rescisão voltassem atrás — revelou algumas das mensagens trocadas com Bruno Fernandes, Gelson Martins e Gunther Neuhaus, que representa Bas Dost.
Estes três jogadores, assim como William de Carvalho, juntaram-se ontem a Rui Patrício, Daniel Pondence, que já tinham avançado com rescisões por justa causa.
Assinalando que os "serviços [do Sporting] continuam prontos para receber qualquer pedido de AG destitutiva e nós [Conselho Diretivo] prontos para receber as cartas (...) dos 6 jogadores que rescindiram, para pedirmos demissão imediata", Bruno de Carvalho justifica a publicação destas mensagens com o facto de "vivermos num mundo de enganos que necessita de verdades".
Na mensagem trocada com Gunther Neuhaus, com data de 22 de maio, o agente diz a Bruno de Carvalho que "Bas [Dost] está devastado. Isto nunca lhe deveria ter acontecido. É uma injustiça brutal, ele não merece isto. Ele já não confia em ninguém. Agora ele está de férias e depois falarei com ele sobre esta situação. Ele não dará qualquer testemunho à imprensa neste momento". Na troca de mensagens, o presidente do clube questionava o agente na sequência de informações de que o jogador sairia no caso de Bruno de Carvalho se manter em Alvalade. A carta de rescisão acabou por chegar ontem, 11 de junho.
No caso de Bruno Fernandes, o presidente do clube deu conta ao jogador a 5 de junho que o Sporting estava em conversações com o seu empresário, tendo o jogador se limitado a confirmar que estava a par e a agradecer o contacto. A rescisão de Bruno Fernandes foi igualmente conhecida ontem.
Já Gelson Martins pediu a Bruno de Carvalho, a 5 de junho, que entrasse em contacto com o seu primo, já que o jogador não estava disponível à data para discutir o tema, pois dizia estar focado na Seleção.
Estas rescisões surgem na sequência, entre outros casos, das agressões sofridas por vários elementos do plantel e da equipa técnica em 15 de maio, na Academia do Sporting, em Alcochete, por cerca de 40 pessoas encapuzadas. Dos atacantes foram detidos 27, que ficaram em prisão preventiva.
Entre os detidos estão o ex-líder de claque do Sporting Juventude Leonina Fernando Mendes e o condutor e os ocupantes da viatura que no dia das agressões entrou nas instalações da Academia do Sporting em Alcochete e retirou alguns dos alegados agressores.
Paralelamente, no âmbito de uma investigação do Ministério Público sobre alegados atos de tentativa de viciação de resultados em jogos de andebol e futebol, tendo como objetivo o favorecimento do Sporting, foram constituídos sete arguidos, incluindo o ‘team manager’ do clube, André Geraldes.
Na sequência destes acontecimentos, os elementos da Mesa da Assembleia Geral (MAG), a maioria dos membros do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.
De seguida, realizaram-se reuniões da MAG demissionária e membros do CFD com a direção, que culminaram com a decisão anunciada por Jaime Marta Soares de marcar uma Assembleia Geral para votar a destituição do órgão liderado por Bruno de Carvalho, agendada para 23 de junho, tendo ainda sido criada uma comissão de fiscalização para o CFD.
Entretanto, o Conselho Diretivo (CD) do Sporting decidiu por seu lado substituir a MAG e respetivo presidente através da criação de uma comissão transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, aprovação de duas alterações estatutárias e análise da situação do clube e prestação de esclarecimentos aos sócios, e convocar uma Assembleia Geral Eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.
O braço de ferro entre as diferentes entidades prossegue e já chegou a tribunal, com o Tribunal Cível a considerar Jaime Marta Soares como legítimo presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting e a validar a convocação de uma reunião magna para dia 23, apesar de faltarem os meios adequados para a realizar.
Já Bruno de Carvalho reitera que o encontro não terá lugar e desafia os sócios a apresentar nos serviços do clube um pedido de uma Assembleia Geral destituitiva do Conselho Diretivo, prometendo que a mesma se realizará no prazo de 8 a 10 dias.
Comentários