O tempo fresco e húmido não impediu as comemorações de alguns fãs entusiasmados com o triunfo de um ídolo que colocou a Jamaica no centro do atletismo mundial há oito anos.
Milhares de pessoas, vestidas de amarelo e verde, as cores da bandeira, batiam latas de metal e sopravam apitos para fazer barulho durante as comemorações. As pessoas iam-se aglomerando no centro de Kingston, Montego Bay e Falmouth, a poucos quilómetros de onde Bolt, em 2002, se tornou no mais jovem campeão mundial júnior da história do atletismo.
O fluxo de carros parou na Sam Sharpe Square, em Montego Bay, onde as pessoas se reuniram para acompanhar a corrida no ecrã gigante instalado na praça.
"O maior", garantia um fã chamado Charlie. "É o melhor, não pode parar de correr agora, tem que continuar".
Lágrimas escorriam pelo rosto de Sonia Brown, ainda vestida com o uniforme do hotel onde trabalha, enquanto cantava o nome do seu ídolo: "Usain, Usain, Usain!".
Desconhecidos abraçavam-se como se fossem íntimos... e nem uma voz sequer expressou a menor dúvida sobre o fato de que o rei dos sprints seria capaz de cumprir a sua missão no Rio de Janeiro: tornar-se o primeiro atleta a conquistar a tripla, ou seja, três medalhas de ouro consecutivas nos 100 metros, 200 metros e em estafetas 4x100 metros.
O país da velocidade
A respiração do povo jamaicano parou durante breves instantes, enquanto Bolt teimava em arrancar com a sua longa figura (1,96m) após o tiro de largada. Mas a partir dos 40 metros, com a sua enorme passada e talento, alcançou o rival, o americano Justin Gatlin, para logo depois ultrapassá-lo com uma facilidade surpreendente.
E os gritos de felicidade apoderaram-se rapidamente dos jamaicanos e as festividades começaram.
"A Jamaica é o país da velocidade, temos o homem e a mulher mais rápidos do mundo", exclamou Shiela Paulo, referindo-se a Elaine Thompson, campeã feminina dos 100 metros nos Jogos Olímpicos do Rio. "Também vamos ganhar os 200 metros e estafetas nos 4x100 metros", arriscou.
Apesar da vitória, alguns queriam mais. Joel Clarke, que garante que concorreu contra Bolt na universidade, lamentou o cronómetro final, um honroso mas não revolucionário 9.81. "Eu acredito que ele poderia ter corrido mais rápido, a sua saída foi fraca e diminuiu o ritmo no final, mas o ouro é ouro", diz ele.
Clarke acrescentou que a vitória nos 200 metros será ainda mais fácil para Bolt, um atleta que é quase imbatível em alta velocidade. "Essa é a sua corrida, ele é muito forte, não será (um fim) apertado".
Outros lamentam que Yohan Blake, quarto, tivesse deixado escapar o bronze para o canadiano Andre De Grasse.
Mas todos concordam em assegurar que o americano Justin Gatlin não merecia a prata tendo em conta o de seu passado de doping. "Gatlin devia de renunciar imediatamente, ele não pode vencer Bolt, não há mais nada a acrescentar", aponta Sydney Clarke.
"Bolt vai ganhar sempre, seja qual for a corrida".
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