No dia 23 de junho de 1984, às 20h00, França e Portugal defrontaram-se num jogo das meias-finais do Campeonato da Europa. Há precisamente 37 anos, naquele que foi o primeiro Euro em que a seleção das Quinas participou, os franceses levaram a melhor.
É uma daquelas coincidências que acontecem de tempos a tempos. O dia é o mesmo, a hora do jogo é a mesma e as nações são as mesmas. Só muda o ano e a fase da competição em que acontece o encontro. Se em 1984 decidia-se quem passava à final, agora decide-se a qualificação para os oitavos daquele que ficou conhecido neste Euro 2020 como o 'grupo da morte' - sendo que França já está qualificada, resta saber em que posição do grupo isso acontece.
A seleção portuguesa de então era orientada por Fernando Cabrita. Jogava com Manuel Bento, capitão, na baliza, João Pinto, Lima Pereira, Eurico Gomes e Álvaro Magalhães na defesa, Diamantino, António Sousa, Frasco e Jaime Pacheco no meio-campo e Chalana e Rui Jorão na frente. Já a seleção gaulesa era a de Platini. Pouco mais precisa de ser dito para além disto. Afinal de contas, o francês manteve durante estes 37 anos o registo de melhor marcador de sempre em Europeus, com 9 golos, todos marcados numa só edição, esta de 84.
Se é verdade que o recorde de Platini caiu no início deste Euro 2020, ultrapassado pelos golos de Cristiano Ronaldo, não é verdade que a França tenha deixado de ser menos temível. Afinal de contas, é campeã do mundo em título e tem um plantel recheado de estrelas, entre as quais estão Kanté, Pogba e Mbappé.
Há 37 anos, o jogo só se decidiu nos descontos. Até aos 90 minutos marcaram-se dois golos, Jean-François Domergue aos 24 minutos e Jordão aos 74. No prolongamento marcaram-se três. Um bis de Jordão marcou a reviravolta no marcador logo aos 98 minutos, mas Domergue voltou a empatar a partida aos 114. Platini, mesmo em cima do apito final, aos 119 minutos, selou a vitória para os franceses.
França acabaria por vencer também Espanha na final (2-0) e sagrar-se campeã europeia no torneio que organizou. Curiosamente, na ocasião seguinte, em que voltou a organizar um Euro, em 2016, a seleção gaulesa, com vários jogadores que vão entrar esta quarta-feira em campo, perdeu a final para Portugal.
Para uns são só números, para outros são premonições. A verdade só será descoberta quando as duas seleções entrarem hoje em campo. De regresso à Puskas Arena (com 67.000 adeptos nas bancadas), onde se estrearam na prova com um triunfo sobre a Hungria (3-0), os campeões europeus defrontam os campeões do mundo a partir das 20:00, à mesma hora a que a Alemanha defronta os húngaros, em Munique.
À entrada para a terceira e derradeira partida do Grupo F, Portugal ocupa o terceiro lugar, com três pontos, os mesmos dos alemães, que subiram ao segundo posto, após o triunfo sobre a equipa das equipas (4-2), e menos um do que os franceses, que lideram e já ‘carimbaram’ a passagem, enquanto os húngaros seguem em último, com um.
A qualificação de Portugal para os ‘oitavos’ fica garantida em caso de empate ou vitória sobre os gauleses e mesmo uma derrota por dois golos de diferença também colocará a formação lusa na próxima fase, como um dos quatro melhores terceiros classificados, isto desde que a Hungria não vença a Alemanha.
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