“Eu não me sinto bem. Passei os últimos 20 meses a lutar contra dores. Já fiz tudo o que podia fazer para me sentir melhor da anca. Wimbledon era onde eu gostava de terminar a minha carreira, mas não sei se o vou conseguir. Não sei se consigo aguentar estas dores mais quatro ou cinco meses”. Foi com estas palavras, numa conferência que durou menos de 10 minutos e em que o tenista britânico teve de sair da sala depois da primeira pergunta, regressando logo depois, o melhor que podia, e contendo-se para segurar as lágrimas. Foi assim que Andy Murray anunciou que irá abandonar os courts em 2019.
Uma decisão difícil tomada depois de o cirurgião australiano John O’Donnell, que o operou à anca há cerca de um ano, lhe ter explicado que não podia continuar a jogar, após um ano, 2018, em que o tenista de 31 anos disputou apenas 12 encontros.
Murray vai agora submeter-se a uma cirurgia mais complicada, para conseguir lidar com as dores que o atormentam, e tentar assim viver uma “vida normal”.
“Eu consigo jogar com estas limitações, mas esta lesão e as dores tiraram-me o prazer de competir ou de treinar”, disse o tenista britânico.
Andy Murray vai disputar a primeira eliminatória do Open da Austrália esta segunda-feira, diante do espanhol Roberto Bautista Agut naquele que pode ser o último jogo da sua carreira. “Eu vou continuar a jogar, consigo-o até um certo nível, mas não ao nível em que sou feliz. Mas não se trata apenas disso, a dor é demasiada e eu não quero continuar a jogar assim", disse.
O tenista revelou que “pequenas coisas do dia-a-dia tornaram-se numa luta". "Calçar os sapatos, as meias… gostava de fazer estas coisas sem qualquer dor. Essa é a principal razão”, desabafou.
Murray, antigo número um mundial, esteve fora de competição entre o verão de 2017 e o de 2018, quando foi eliminado nos quartos de final do torneio londrino de Wimbledon. A lesão na anca adiou o regresso aos ‘courts’ tendo acabado por disputar apenas 12 encontros em 2018.
O tenista voltou aos campos em Brisbane na semana passada, onde venceu a sua partida de estreia, mas perdeu na segunda ronda para Daniil Medvedev, mostrando óbvias dificuldades para se movimentar.
Murray teve uma carreira de sucesso, acabando com prolongados períodos sem vitórias nos Grand Slam para os britânicos, quando venceu o Open dos Estados Unidos em 2012 e Wimbledon no ano seguinte, tornando-se no único jogador a ganhar medalhas de ouro consecutivas nas Olimpíadas.
O britânico fez parte do grupo de quatro tenistas masculinos, Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic, que dominaram num mesmo período os grandes torneios mundiais.
Agora, será provavelmente o mais novo deles aposentar-se. Aos 37 anos, Federer está na Austrália para tentar conquistar o título pelo terceiro ano consecutivo e pela sétima vez no geral. Aos 31 anos, Djokovic, no topo do ranking ATP, procura conquistar o sétimo título australiano. Nadal, de 32 anos, número dois do ranking, está confiante em prolongar a sua carreira por mais alguns anos.
Murray, que chegou a seis finais em torneios de Grand Slam, contabiliza 663 vitórias e 190 derrotas, que resultaram na conquista de 45 títulos, entre eles os de Wimbledon (2013 e 2016), Open dos Estados Unidos (2012), bem como em duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos (2012 e 2016).
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