Segundo dados divulgados hoje pela Zero, que analisou 55 dos 62 sistemas aquíferos entre 2011 e 2015, todos contêm azoto amoniacal e nitratos.
É uma "situação preocupante", aponta a associação, que defende o controlo e fiscalização do uso destes produtos e a retirada de apoios a agricultores que os utilizem em excesso como fertilizantes, "em particular os de origem industrial".
A culpa da poluição é atribuída à agricultura e pecuária intensivas, que usam azoto amoniacal, que chega aos solos pelas descargas da indústria pecuária ou pelo uso de estrume, e nitratos que provêm dos fertilizantes agrícolas.
A Zero encontrou poluição por azoto em 46 sistemas aquíferos e por nitratos em 29.
Nos cursos subterrâneos, divididos por quatro zonas (Maciço Antigo, Orla Ocidental, Orla Meridional e Bacia do Tejo-Sado), há 7.900 hectómetros cúbicos de água, "oito vezes mais do que as necessidades anuais de abastecimento público", afirma a Zero.
"Trata-se de um volume de água essencial para prevenir os riscos cada vez mais evidentes e recorrentes de escassez hídrica", mas "a poluição pode colocar em causa a utilização atual e futura destes recursos".
Nos dados analisados, provenientes do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, contam-se 6.016 captações de águas subterrâneas de onde se retira 33% do total da água potável consumida no Continente.
"Muitos dos pontos de água poluídos coincidem com pontos de abastecimento público", frisa a Zero.
A lei em que se consagra a prevenção da poluição por nitratos, é "letra morta", concluiu a Zero, olhando para a prevalência da poluição com estes químicos, que existem em concentrações acima do máximo de 50 miligramas por litro em 42% dos aquíferos analisados.
A Zero quer saber que papel têm as direções regionais e geral de Agricultura no meio deste "descontrolo total" e defende que se reúna informação sobre os sistemas para os quais não existem dados.
Por isso, defende que seja avaliado imediatamente o Programa de Ação para as Zonas Vulneráveis, e que sejam declaradas mais zonas e alargadas as existentes.
A associação ambientalista exige ainda que haja fiscalização eficaz nas explorações pecuárias, que têm que conseguir tratar as suas águas residuais.
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