Segundo Jesús Ramírez, o Mexico mantém o apoio a Maduro. "Para já, a posição onde estarmos é de que reconhecemos as autoridades eleitas de acordo com a Constituição venezuelana", disse à AFP o porta-voz da Presidência mexicana.
"O governo mexicano tem analisado a situação na Venezuela. Até ao momento não há nenhuma mudança nas suas relações diplomáticas com esse país, nem com o seu governo", escreveu depois Ramírez no Twitter.
O governo do México, que desde 1º de dezembro é chefiado pelo esquerdista Andrés Manuel López Obrador, evitou pronunciar-se sobre a crise venezuelana, postura diferente do governo anterior de Enrique Peña Nieto, que tinha um papel mais ativo em criticar o governo de Maduro.
López Obrador tem dito que busca o diálogo, mas que não vai condenar um governo estrangeiro e não se intrometerá em assuntos internos de outros países, citando o princípio de política externa de seu país de "não intervenção".
Seguindo esta postura, o México evitou assinar uma declaração do Grupo de Lima, no começo do ano, que pedia a Maduro para não assumir um novo mandato em 10 de janeiro.
O Grupo de Lima, criado em 2017 - ano marcado por protestos contra Maduro que deixaram 125 mortos na Venezuela -, é integrado por Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru, Guiana e Santa Lucía, além do México.
Também o presidente da Bolívia, Evo Morales, declarou que o país vai manter a sua aliança com Nicolás Maduro. No Twitter, o socialista disse expressar "solidariedade com o povo venezuelano e com o nosso irmão Nicolás Maduro nestas horas decisivas nas quais as garras do imperialismo procuram outra vez ferir mortalmente a democracia e a auto-determinação dos povos da América do Sul".
Estes dois estados contrariam aquela que tem sido a postura da comunidade internacional em relação a proclamação de Juan Guaidó. Estados Unidos da América, Brasil, Canadá, Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Paraguai e Guatemala são os países que reconhecem o líder da oposição que se autodenominou presidente interino da Venezuela. Acresce a estes países a Organização dos Estados Americanos.
Juan Guaidó, engenheiro mecânico de 35 anos, tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a 3 de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.
"Levantemos a mão: Hoje, 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação [da Presidência da República], um Governo de transição e eleições livres", declarou durante a proclamação.
Para si, "não se trata de fazer nada paralelo", já que tem “o apoio da gente nas ruas".
Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela comunidade internacional.
A Venezuela enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Esta crise num país outrora rico, graças às suas reservas de petróleo, está a provocar carências alimentares e de medicamentos.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação deverá atingir 10.000.000% em 2019.
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