Guaidó foi impedido pela polícia de entrar no edifício da Assembleia Nacional, onde os deputados aliados do Presidente, Nicolás Maduro, com alguns deputados da oposição, elegeram um novo presidente, Luís Parra.
“Juro perante Deus e o povo da Venezuela que farei respeitar” a Constituição como “presidente do Parlamento e presidente interino”, declarou Juan Guaidó depois de ter sido votado por cerca de 100 deputados.
Na votação participaram muitos deputados perseguidos pela Justiça, no quadro do que a oposição qualifica de “perseguição política”. Votaram em Guaidó inclusivamente os membros do movimento 16 de Julho, opositores de Nicolás Maduro mas também habitualmente críticos de Guaidó.
Guaidó e muitos deputados da oposição não chegaram a entrar no parlamento, onde se elegia Luís Parra, porque ficaram horas retidos nos cordões de segurança da Polícia Nacional Bolivariana e da Guarda Nacional Bolivariana, nos arredores do Parlamento.
A agência de notícias espanhola, Efe, testemunhou Guaidó a ser parado pelas forças de segurança. O Presidente da Venezuela disse aos jornalistas que Guaidó não participou na sessão porque não quis “dar a cara”.
Grupo de Lima condena uso da força que impediu sessão parlamentar livre na Venezuela
Os países do Grupo de Lima condenaram já neste domingo o uso da força pelo governo de Nicolás Maduro, que impediu o livre acesso de deputados à Assembleia Nacional da Venezuela para eleger o presidente.
O Grupo de Lima assinalou em comunicado que "a Assembleia Nacional tem o direito constitucional de se reunir sem intimidações ou interferências para eleger o presidente e junta diretiva, motivo pelo qual não reconhecemos o resultado de uma eleição que ameaça estes direitos e que foi realizada sem a participação plena dos deputados".
O grupo condenou "o uso da força pelo regime ditatorial de Maduro para impedir que os deputados pudessem ter livre acesso à sessão".
A declaração foi assinada, além dos representantes de Juan Guaidó, pelos governos de Brasil, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lucia.
União Europeia reconhece Juan Guaidó como legítimo presidente do parlamento venezuelano
"A UE continua a reconhecer Juan Guaidó como o legítimo Presidente da Assembleia Nacional até que sejam asseguradas as condições para uma votação adequada", adiantou, em comunicado, o porta-voz para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança do Serviço Europeu de Ação Externa (EEAS, na sigla em inglês), Peter Stano.
Para a UE, os acontecimentos em torno da eleição do Presidente da Assembleia Nacional na Venezuela foram marcados por graves irregularidades e ações contra o funcionamento democrático e constitucional da Assembleia Nacional.
"O seu Presidente, Juan Guaidó, foi impedido de realizar a sessão, vários legisladores da oposição não puderam entrar na Assembleia Nacional e o acesso da imprensa ao edifício também foi bloqueado. Não é aceitável que a Assembleia Nacional, como órgão democrático legítimo da Venezuela, não tenha podido cumprir o mandato que recebeu do povo venezuelano", considerou Peter Stano.
O EEAS defende que estas "irregularidades não são compatíveis com um processo eleitoral legítimo" e "constituem um novo passo na deterioração da crise venezuelana".
"O respeito pelas instituições e princípios democráticos e a manutenção do Estado de Direito são condições essenciais para encontrar uma solução pacífica e sustentável para a crise na Venezuela", adiantou ainda o porta-voz do EEAS, reiterando a disponibilidade da UE para "apoiar um processo genuíno para uma resolução pacífica e democrática da crise, com base em eleições credíveis e transparentes".
[Notícia atualizada às 06h15]
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