De acordo com aquela organização não-governamental norte-americana os alegados ataques informáticos estão a ser levados a cabo, alegadamente, pelo grupo “RedDelta” e começaram no passado mês de maio.
Anteriormente, uma notícia publicada no jornal New York Times referia que a vigilância e os ataques informáticos contra o Vaticano têm como objetivo as negociações que estão marcadas para setembro.
O Vaticano ainda não comentou mas o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim negou qualquer tipo de envolvimento considerando o relatório da Recorded Future “especulativo”.
Segundo a organização Recorded Future, a Missão Hong Kong/China (Hong Kong Study Mission to China), a entidade que faz a ligação entre o Vaticano e Pequim, assim como o Instituto para as Missões foram alvo de ataques cibernéticos.
“A intrusão suspeita sobre o Vaticano permite ao grupo ‘RedDelta’ penetrar nas informações sobre as posições da Santa Sé antes da nova ronda negocial de setembro”, refere o relatório da Recorded Future.
O mesmo documento acrescenta que os ataques informáticos também obtêm “informações importantes” sobre as entidades católicas na Região Administrativa Especial de Hong Kong assim como vigia os grupos pró-democratas da antiga colónia britânica.
Ainda segundo o relatório, os “ataques” prolongaram-se pelo menos até 21 de junho e houve mesmo uma tentativa de obtenção ilegal de documentos da Secretaria de Estado do Vaticano nos contactos estabelecidos com Hong Kong.
Os 12 milhões de católicos chineses dividem-se entre os que pertencem à Associação Patriótica dos Católicos Chineses, fora da autoridade do Vaticano, e os grupos clandestinos da igreja leal ao Papa.
Os sacerdotes na clandestinidade assim como os fiéis são frequentemente alvo de perseguições e prisões na República Popular da China.
Em 2018, foi alcançado o princípio de um acordo, sem precedentes, entre a Santa Sé e Pequim sobre a designação de bispos, nomeadamente de sete bispos que não eram reconhecidos pelo Vaticano, um assunto de conflito entre os dois Estados.
Muitos católicos clandestinos mostraram reservas em relação ao acordo encarado como uma cedência ao regime comunista e traindo a lealdade dos fiéis em relação ao Papa.
Pequim nega a existência de programas financiados pelo Estado que visam a vigilância informática de segredos de outros países ou instituições.
No princípio do mês, os Estados Unidos disseram que foram detetadas intrusões informáticas chinesas e acusou dois cidadãos da República Popular da China por alegadamente estarem à frente de ataques contra empresas norte-americanas e de outros países.
As autoridades judiciais dos Estados Unidos disseram também que piratas informáticos que trabalham para Pequim atacaram empresas norte-americanas que estão a desenvolver projetos científicos relacionados com vacinas contra o SARS CoV-2.
A República Popular da China já respondeu que os Estados Unidos não têm provas sobre estes alegados ataques informáticos.
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