Numa audição na comissão parlamentar de Saúde a pedido do PCP, Luís Varandas, da Sociedade Portuguesa de Pediatria, explicou que as recomendações da Sociedade são científicas, mas vão no sentido de esclarecer os médicos pediatras sobre a efetividade e segurança das vacinas em termos de proteção individual e não em termos de saúde pública.

“Sobre todas estas vacinas, há dados suficientes de efetividade e de segurança, a nível de proteção individual”, afirmou Luís Varandas aos deputados.

Quanto à meningite B, o especialista afirmou que, apesar de ser uma “doença rara”, há cerca de 40 casos por ano em Portugal, sendo que é uma doença “potencialmente fatal em menos de 24 horas” e que não tem outra forma de proteção além da vacina.

Todos os anos morrem entre duas a três crianças em Portugal com meningite B e pelo menos 20% de todos os casos da doença ficam com sequelas para toda a vida.

Um estudo já feito em Portugal sobre esta vacina demonstrou uma eficácia de proteção da vacina da meningite B acima dos 80%, em linha com o registado no Reino Unido, por exemplo.

“A vacina é segura e efetiva e o preço é, de facto, elevado”, declarou Luís Varandas, indicando que o grupo alvo desta vacina serão todas as crianças até aos dois anos.

Quanto à vacina contra o rotavírus (que provoca gastroenterites), o perito recordou que é uma doença que todas as pessoas têm pelo menos uma vez na vida, acrescentando que a imunização também é segura e eficaz para os casos de doença grave.

No Reino Unido, a introdução da vacina demonstrou, por exemplo, uma redução de cerca de 90% dos internamentos por rotavírus.

Quanto ao alargamento da vacina contra o HPV (papilomavírus humano) aos rapazes, Luís Varandas considerou que “há uma carga de doença significativa que podia ser evitada”.

A vacina contra o HPV já consta do Programa Nacional de Vacinação para as raparigas, mas o perito lembra que isso não protege todos os rapazes, nomeadamente no grupo de homens que têm sexo com homens, além de ficarem de fora os rapazes que têm sexo com raparigas não vacinadas.

O PCP tem-se batido pela inclusão das vacinas da meningite B e do rotavírus no Programa Nacional de Vacinação, lembrando que só quem tem dinheiro consegue vacinar os seus filhos.

O PCP tinha proposto, em sede de discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2019, a inclusão das três vacinas no PNV, proposta que foi aprovada com o voto contra do PS.

O PCP defende a universalidade e gratuitidade das três vacinas em causa (meningite B, rotavírus e HPV para rapazes), com base em "evidências científicas".