João Veloso disse à Lusa que a UM “pode posicionar-se muito bem como uma instituição de referência para o ensino e a investigação em temas relacionados com a língua e as culturas em língua portuguesa” no continente asiático.
O académico lembrou que o 36.º Curso de Verão de Língua Portuguesa da UM, realizado em julho, atraiu “centenas de estudantes, sobretudo da Ásia, nomeadamente Vietname, Camboja, Timor-Leste, Tailândia”, apesar de ter decorrido num formato totalmente ‘online’.
Em abril deste ano, Macau tinha levantado as restrições fronteiriças a estudantes universitários e profissionais do ensino estrangeiros, como professores portugueses.
Quem chega do estrangeiro ou de Hong Kong continua a ser obrigado a cumprir uma quarentena de sete dias num hotel, seguido de três dias de “autovigilância médica” que pode ser feita em casa.
Veloso admitiu que as restrições “dificultam muito, por exemplo, a vinda de estudantes de pós-graduação de outros países”.
“O que nos está a faltar neste momento é a candidatura de alunos de outras paragens”, disse o académico, sublinhando que o departamento não sentiu qualquer queda no número de estudantes locais.
Veloso defendeu que “o departamento tem todas as condições para receber alunos que vivem em países que estão a duas ou três horas de avião da China”, como alternativa a cursos em Portugal ou no Brasil.
“Não temos neste momento muitos estudantes com esse perfil”, lamentou o português.
“Há um sentimento de algum otimismo”, disse Veloso, quanto a um eventual relaxamento das restrições à entrada de estrangeiros sem estatuto de residente “já no próximo ano”.
Mas para já as restrições “limitam um pouco o leque de seleção” de novos docentes, admitiu.
O departamento perdeu recentemente duas professoras, incluindo a anterior diretora Dora Nunes Gago, e tem recebido sobretudo “candidaturas de pessoas que já se encontram em Macau”, reconheceu.
No entanto, Veloso sublinhou que as restrições não impedem “encontros em linha, projetos de investigação conjuntos, publicações conjuntas” com outras instituições, iniciativas que já estão planeadas.
O académico lembrou que o território tem várias universidades “onde se ensina e se faz investigação sobre a língua portuguesa” e disse que a cidade deve “aproveitar esta rede que existe de tantas pessoas e de tantas instituições interessadas no português”.
A nomeação de Veloso como diretor do departamento de Português da Faculdade de Artes e Humanidades foi anunciada na segunda-feira, embora o académico tenha assumido funções a 01 de julho.
Desde 2018 que Veloso era pró-reitor da Universidade do Porto, assumindo as pastas da Promoção da Língua Portuguesa e Inovação Pedagógica.
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