O exército israelita começou por dizer que tinha atacado posições inimigas poucos minutos depois da entrada em vigor do cessar-fogo (às 23h30, hora local), mas corrigiu-se logo depois, dizendo que a última ofensiva foi às 23h25 e que, portanto, tinha respeitado o cessar-fogo acordado horas antes.
"Foi o último ataque do exército antes do cessar-fogo programado para as 23h30", acrescentou Israel em comunicado.
Em Gaza, o JIP anunciou que ia cessar hostilidades, mas que se reservava "o direito de responder a qualquer [nova] agressão israelita".
Receia-se, portanto, que seja frágil o cessar-fogo conseguido graças à mediação egípcia.
O acordo negociado pelo Egito visa travar a violência que já deixou 44 palestinianos mortos, entre os quais 15 crianças, naquele que foi o pior confronto na Faixa de Gaza desde a guerra de 11 dias do ano passado.
Em mais de 2021, no confronto entre Israel e o Hamas, e em apenas 11 dias, 260 palestinianos, incluindo combatentes, foram mortos e 14 israelitas, incluindo um soldado, morreram.
O enviado da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, celebrou o acordo agora alcançado no Twitter, mas lembrou que "a situação continua muito frágil".
"Peço a todas as partes que respeitem o cessar-fogo", apelou.
"Se o cessar-fogo for violado, o Estado de Israel reserva-se o direito de responder com firmeza", afirmou, todavia, o gabinete do primeiro-ministro israelita, Yair Lapid, que agradeceu ao Egito "pelos seus esforços".
O acordo de tréguas inclui "o compromisso do Egito de agir em favor da libertação de dois prisioneiros, (Basem) Al Saadi e (Khalil) Awawdeh", afirmou em comunicado Mohamed Al Hindi, chefe do braço político da Jihad Islâmica.
Recorde-se que foi a prisão na segunda-feira de Al Saadi, líder da Jihad na Cisjordânia ocupada, que iniciou esta nova escalada de violência na região.
15 crianças mortas
O Ministério da Saúde de Gaza anunciou este domingo que mais 17 pessoas, incluindo nove crianças, foram mortas por ataques israelitas.
Desde sexta-feira, "43 palestinos caíram como mártires, entre eles 15 crianças" e "311 ficaram feridos", segundo o balanço mais recente.
Na Faixa de Gaza, "a situação é muito má", contou à AFP Mohamed Abu Salmiya, diretor do hospital al-Shifa, da cidade. "Chegam feridos a cada minuto", relata.
O diretor do hospital fez ainda saber que as instalações sob a sua responsabilidade necessitam urgentemente de medicamentos e eletricidade para continuar a cuidar dos feridos.
A vida diária em Gaza foi paralisada por este conflito e a única central de energia elétrica do território teve que interromper as atividades no sábado por falta de combustível, provocada pelo bloqueio das entradas no enclave por parte de Israel desde terça-feira.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) já alertou para o "grave risco" que o conflito representa para a "continuidade dos serviços básicos essenciais" na região.
Rockets contra Jerusalém e Tel Aviv
Do total de projéteis lançados de Gaza, 470 atravessaram Israel e 115 caíram dentro da própria Faixa antes de cruzarem a cerca que separa os territórios.
Até agora, Israel sofreu poucos ataques em áreas povoadas, até porque, de acordo com o exército, o sistema de defesa antiaérea ‘Iron Dome’ tem uma taxa de sucesso de 97%. Os restantes caíram em áreas despovoadas do país.
Os disparos ocorreram quando centenas de israelitas comemoravam uma festa judaica em Jerusalém, com a visita de nacionalistas à Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar sagrado do Islão, mas também o mais sagrado para o judaísmo, que o conhece como Monte do Templo.
No sul e no centro de Israel, civis foram forçados a refugiar-se em abrigos antiaéreos.
Desde sexta-feira, pelo menos duas pessoas foram hospitalizadas com ferimentos causados por estilhaços e outras 13 ficaram levemente feridas, segundo o serviço de emergência Magen David Adom.
Israel, por sua vez, afirma ter neutralizado toda a "alta cúpula da ala militar da Jihad Islâmica em Gaza".
Isso inclui Taysir al Jabari 'Abu Mahmud', um dos principais líderes do grupo armado, executado em Gaza na sexta-feira, e Khaled Mansur, outro alto comandante, abatido num ataque em Rafah.
As mortes foram confirmadas entretanto pela Jihad Islâmica.
Hamas à margem
Israel, que iniciou a ofensiva, justificou os primeiros ataques na sexta-feira com o receio de possíveis represálias da Jihad Islâmica Palestiniana a partir da Faixa de Gaza após a detenção dos seus líderes.
A Faixa de Gaza é um enclave de 362 km2 onde vivem 2,3 milhões de pessoas e que está sob bloqueio israelita há mais de 15 anos.
Em resposta aos bombardeamentos, o grupo armado, apoiado pelo Irão e incluído na lista de organizações terroristas dos Estados Unidos e da União Europeia, disparou centenas de rockets contra Israel.
Neste domingo, o exército israelita anunciou a detenção de outros 20 membros da Jihad Islâmica na Cisjordânia ocupada. Estes acrescentam-se aos 20 militantes da organização que foram detidos no sábado.
O Hamas, movimento islamita que governa Gaza desde 2007, fez um alerta em comunicado contra as "incursões" israelitas, alegando que poderiam levar a uma situação "fora de controlo".
O movimento, que já travou diversas guerras contra Israel, permanece, todavia, à margem do atual conflito.
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