Atenção: não, não vou massacrar os caros leitores do SAPO24 de novo com as eleições legislativas. Decerto que terão acompanhado o nosso especial ao longo do dia de ontem e, se não o fizeram, têm aqui a oportunidade de rever a nossa emissão e os vários artigos que dedicamos ao tema.
Eleitos 226 deputados (faltam os dos círculos da Europa e de fora da Europa), interessa agora olhar para o futuro e amanhã é já é dia de decisões. Não para os portugueses, mas para Marcelo Rebelo de Sousa, que decidiu acelerar a indigitação do primeiro-ministro tendo em conta que há Conselho Europeu nos dias 17 e 18 quanto ao Brexit.
Como tal, amanhã inicia-se uma maratona de audições no Palácio de Belém, já que foram dez os partidos a obter representação parlamentar. Para já, sabe-se que Assunção Cristas, líder demissionária do CDS-PP, vai encabeçar a delegação do seu partido em Belém e que Carlos César e Ana Catarina Mendes são os membros do PS que vão falar com Marcelo. António Costa, naturalmente, também deverá marcar presença.
Mas o mundo não se prende por Portugal, continua a girar independentemente do nosso fado político. E nos dias que se seguem, saberemos quais são alguns dos protagonistas que mais têm contribuído para melhorar a nossa vida nele.
Sim, falo dos Prémios Nobel, donos de uma história rica e plena de controvérsia, pelo que a semana vai ser de conquistas para várias pessoas espalhadas pelo mundo.
Hoje já se soube quais foram as distinções para o Nobel da Medicina, dado a três cientistas — William G. Kaelin Jr, Sir Peter J. Ratcliffe e Gregg L. Semenza— distinguidos pela investigação sobre a forma como as células se adaptam à disponibilidade de oxigénio. A partir daqui, novas possibilidades se abrirão na investigação de tratamentos contra vários tipos de cancro, entre outras doenças.
Amanhã saberemos quem é/são o/os laureado/s pelo Nobel da Física e na quarta-feira pelo Nobel da Química. No entanto, aqueles que reúnem mais mediatismo este ano são mesmo os da Literatura, anunciado na quinta-feira, e da Paz, conferido no final da semana (o das Ciências Económicas só será entregue dia 14).
No que toca ao da Literatura, o grande motivo de interesse é que vão ser atribuídas duas distinções, de 2018 e de 2019. Como escrevi, os Prémios Nobel têm uma história entrelaçada com a polémica, e no ano passado escreveu-se outro capítulo nesse sentido, já que este prémio foi suspenso devido a um escândalo de abusos sexuais e crimes financeiros.
O secretismo dos Prémios Nobel é tão lendário quanto a sua forma medalhada, pelo que é sempre difícil tentar adivinhar quem será o vencedor. No que toca à Literatura, as casas de apostas dão a poetisa canadiana Anne Carson como uma das grandes favoritas, seguindo-se nomes como a escritora francesa Maryse Condé e o sempiterno candidato Haruki Murakami. No website de bolsa de apostas Nicer Odds, até o autor da saga “Guerra dos Tronos” George R. R. Martin está a ser considerado, se bem que bem no fundo da tabela de probabilidades.
E falando-se em potenciais vencedores, é tendo em conta os possíveis candidatos ao Prémio Nobel da Paz que este promete ser um tema quente e, também ele, pouco consensual. Isto porque, de acordo com as casas de apostas, a “favorita” a ganhar é Greta Thunberg, a ambientalista de 16 anos que ajudou a criar um movimento global, mas de perto segue, por exemplo, um nome absolutamente antitético ao seu, como Donald Trump, que foi indicado pelo seu papel na reabertura de negociações com a Coreia do Norte.
Qualquer um dos dois nomes é pouco consensual e vai dar azo a largas discussões quanto ao papel do Nobel da Paz caso ganhe. Isto apesar de muitos outros nomes também estarem em cima da mesa, como os de Angela Merkel, do Papa Francisco, de Edward Snowden ou da organização Repórteres Sem Fronteiras,
Será, portanto, uma semana animada, no seguimento daquilo que foi um domingo frenético. Por essa mesma razão, recomenda-se temperá-la com alguma calma e ponderação. Como sugestões, pode ver “Dor e Glória” de Pablo Almodóvar — ode elegíaca e movida pelas nuances da interpretação de António Banderas — ou ouvir “Closer to Grey”, o retorno igualmente cinemático dos Chromatics aos discos.
O meu nome é António Moura dos Santos e hoje o dia foi assim.
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