Pelo meio, passou pelo Convento da Trindade, para ver uma exposição de antigos letreiros de Lisboa, pelo Museu do Chiado e pelo Museu dos Coches, e terminou o dia a condecorar as mulheres dos dois anteriores Presidentes da República, Maria José Ritta e Maria Cavaco Silva.
À chegada a Belém, o chefe de Estado sentou-se durante uns vinte minutos numa esplanada, na companhia de dois vendedores da revista CAIS, os três rodeados por mais de uma dúzia de repórteres de imagem, a beber refrigerantes e a comer sandes de queijo.
“Estou esganado, não comi nada desde uma banana às tantas da manhã”, comentou Marcelo Rebelo de Sousa, que enquanto comia recordou a famosa cena do seu antecessor, Aníbal Cavaco Silva, a comer bolo-rei: “Não sei porquê isto faz-me lembrar um político qualquer que foi apanhado a comer com a boca cheia, não sei quem foi”.
A conversa ganhou, entretanto, mais um elemento, um homem que se aproximou do Presidente da República para defender que “devia haver uma linha de metro até ao Monsanto”, e que Marcelo Rebelo de Sousa convidou a sentar-se à mesa: “Homem, sente aí, sente aí”.
“O parque do Monsanto é o pulmão da cidade, e eu acho que devia haver uma linha de metro até Monsanto”, insistiu o homem, que contou que era desempregado e jogava na Bolsa.
Em Belém, sob um sol forte, o chefe de Estado encontrou sobretudo turistas, o que dificultou a venda da revista CAIS, que custa dois euros, mas o próprio ajudou à venda comprando vinte exemplares para oferecer a estudantes, e conseguiu vender outro em troca de uma ‘selfie’.
“Eu acho que já lá foram para aí umas 30 ou 40 revistas”, contabilizou, considerando que “não foi nada mau, porque a vida está muito difícil”.
Antes, a meio da manhã, no Liceu Pedro Nunes, perante alunos de turmas do 7.º ao 12.º anos, o chefe de Estado lembrou o “país pobre, com um poder político autoritário”, dos seus tempos de estudante, e voltou a rejeitar que tivesse o sonho de infância de ser Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa disse mesmo que foi “um político ocasional” e que ocupou os cargos de deputado constituinte, membro do Governo e presidente do PSD “porque calhou”, salientando a transitoriedade das funções políticas: “Professor é toda a vida, Presidente da República é cinco anos”.
Contudo, questionado por um aluno sobre o que fará no final deste mandato, deixou tudo em aberto, dizendo que vai ponderar se faz um segundo mandato “no verão de 2020, portanto, daqui a três anos e meio, mais coisa menos coisa”, em função da “situação que existir em Portugal”.
Mais tarde, um homem que ouviu esta sua intervenção abordou-o nos Pastéis de Belém, incentivando-o a recandidatar-se: “Prazer em conhecê-lo. Eu sou de esquerda, mas sou seu admirador. Gostei muito de o ver na televisão há bocado com os putos, e acho que você merece o lugar que tem. Deve-se recandidatar”.
Marcelo Rebelo de Sousa, que estava ao balcão a vender exemplares da revista CAIS, respondeu apenas: “Faltam quatro anos”.
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