“Discutiremos os próximos passos com os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia na segunda-feira; a UE apela à libertação do senhor Navalny e esta reunião deve começar a ponderar as medidas a tomar para apoiar esta exigência”, escreveu o Alto Representante para a Política Externa europeia numa mensagem no Twitter, na qual criticou as “detenções em massa” na Rússia.
A mensagem de Borrel surge depois de o número de detenções nas manifestações que defendem a libertação de Alexei Navalny ter subido para 2131, segundo o OVD-Info, um grupo que contabiliza as detenções por motivos políticos, citado pela agência de notícias AFP, cujos jornalistas estimaram em mais de 20 mil os manifestantes só nos protestos em Moscovo e São Petersburgo.
As detenções surgiram durante as manifestações que foram convocadas para dezenas de cidades russas depois da detenção de Alexei Navalny quando regressou à Rússia, na semana passada, algumas delas com os protestantes a enfrentarem temperaturas de -50 graus.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia exigiu explicações da embaixada norte-americana, que terá publicado o itinerário das manifestações.
“Do que se trata, é para influenciar ou dar instruções aos manifestantes?”, perguntou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, no Facebook, acrescentando que “os colegas americanos terão de vir explicar-se à Praça Smolenskaya”, a sede da diplomacia russa.
Em Moscovo, mais de 5 mil pessoas encheram a Praça Pushkin, no centro da capital, onde surgiram desacatos com a polícia que acabaram quando a polícia de choque arrastou os manifestantes para as carrinhas de detenção, incluindo a mulher do líder da oposição, Yulia Navalnaya.
Os protestos estenderam-se a todo o território da Rússia, desde a ilha de Yuzhno-Sakhalinsk, a norte do Japão, até à cidade siberiana de Yakutsk, onde as temperaturas rondavam hoje os -50 graus, passando pelas mais populosas cidades russas europeias.
Segundo a AFP, a dispersão dos protestos por todo o território mostra o apoio ao candidato opositor e à sua campanha contra a corrupção, que conseguiu criar uma extensa rede apesar da repressão do governo e de ser repetidamente ignorado pelos órgãos de comunicação estatal.
As autoridades russas já haviam alertado nos últimos dias, através da polícia e do Ministério Público, que tomariam medidas contra os participantes nas manifestações não autorizadas.
Na quinta-feira, as autoridades russas iniciaram uma campanha de assédio contra ativistas e principais colaboradores de Navalny para tentar impedir os protestos de hoje com a prisão de vários deles, como a sua porta-voz, Kira Yarmish, que irá cumprir nove dias de prisão.
Cartazes com frases “Liberdade” e gritos como “Putin, ladrão!” ou “Nós somos o poder!” foram ouvidas hoje em todo o país nas manifestações a favor do líder da oposição.
Alexei Navalny foi detido ao voltar à Rússia no dia 17 de janeiro — depois de cinco meses de convalescença na Alemanha devido a um envenenamento —, acusado de violar as medidas de controlo judicial, por sair do país quando estava em liberdade condicional relacionada com outro processo na justiça russa.
Navalny vai permanecer em prisão preventiva até, pelo menos, 15 de fevereiro.
Vários instituições e países já apelaram à libertação imediata do opositor russo.
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