“Desmascarámos uma estrutura de 3.000 pessoas no interior das Forças Armadas. Nos próximos dias, serão despedidos por decreto-lei”, declarou Nurettin Canikli, citado pela agência noticiosa estatal Anadolu.

As autoridades turcas desencadearam vastas purgas nas instituições após a tentativa de golpe de Estado durante a noite de 15 para 16 de julho e dirigida por militares.

Ancara acusa o predicador Fethullah Gülen, que dirige uma influente confraria, de promover este golpe. Exilado nos Estados Unidos desde 1999, apesar de manter uma importante rede de apoiantes na Turquia, Gülen tem negado qualquer envolvimento.

Mais de 55.000 pessoas foram detidas e mais de 140.000 despedidas ou suspensas na sequência do estado de emergência instaurado em 20 de julho e que se mantém em vigor, após ter sido prolongado por mais três meses na quarta-feira.

As purgas, dirigidas inicialmente contra os golpistas e presumíveis cúmplices, em particular no interior das Forças Armadas, rapidamente alastram aos meios pró-curdos, de esquerda e setores críticos, abrangendo responsáveis políticos, jornalistas e professores.

A oposição e organizações de defesa dos direitos humanos têm criticado com veemência o estado de emergência, acusando o poder de o utilizar para silenciar todas as vozes críticas, e a Comissão Europeia tem exigido a sua suspensão.

No entanto, o Governo de Ancara continua a insistir que apenas tem sido dirigido “contra organizações terroristas e apoiantes”, como hoje voltou a sublinhar o ministro da Defesa, Nurettin Canikli. “Mais ninguém é afetado”, assegurou.