“O encerramento pela Áustria de sete mesquitas e a expulsão de imãs é o resultado da vaga populista, islamofóbica, racista e discriminatória neste país”, reagiu na rede social Twitter Ibrahim Kalin, porta-voz do Presidente Recep Tayyip Erdogan.
O anúncio foi feito pelo chanceler conservador austríaco e prende-se com a controversa reconstituição, por crianças vestidas como soldados, de uma batalha emblemática da história otomana, numa das principais mesquitas de Viena, próxima da comunidade turca, disse Sebastian Kurz.
“Sociedades paralelas, o islão político e a radicalização não têm lugar no nosso país”, argumentou o chefe do Governo austríaco numa conferência de imprensa.
O ministro do Interior, Herbert Kickl, disse que “podem ser afetados por estas medidas (…) cerca de 60 imãs” e as respetivas famílias, sendo que 150 pessoas no total podem perder o direito de residência na Áustria.
As fotografias da reconstituição da batalha de Gallipoli foram publicadas pelo semanário de centro esquerda Falter e abalaram a classe política austríaca.
O local de culto onde decorreu a reconstituição é gerido pela União Islâmica Turca da Áustria, ligada à Direção dos Assuntos Religiosos turca (Diyanet), que qualificou a encenação de “altamente lamentável” e disse ter intervindo e pedido a demissão do responsável antes da controvérsia nos media.
O Império Otomano acabou a Primeira Guerra Mundial do lado dos perdedores e foi desmantelado, mas a batalha de Gallipoli, em que os aliados foram derrotados, tornou-se um símbolo da resistência que levou ao advento da República turca moderna em 1923.
Cerca de 360.000 pessoas de origem turca vivem na Áustria, 117.000 das quais têm nacionalidade turca. As relações entre Ancara e Viena são particularmente tensas desde a repressão na Turquia após a tentativa de golpe contra Erdogan em julho de 2016.
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