“Crescemos, em abril de 2022, face a 2019, 25% nas dormidas, 22% nos hóspedes, 33% nos proveitos totais e 35% no RePar [proveitos de aposento por quarto disponível]”, disse o presidente do executivo, Miguel Albuquerque, sublinhando que abril foi o melhor mês na história de 200 anos de turismo no arquipélago.
O chefe do Governo Regional (PSD/CDS-PP) falava na Assembleia Legislativa da Madeira, no âmbito do debate mensal com o executivo, hoje dedicado ao turismo, um dos setores mais afetados pela pandemia de covid-19, mas atualmente em “trajetória de recuperação”.
“Tudo se conjuga para que a região beneficie de um bom verão”, disse Miguel Albuquerque, admitindo haver “alguma falta de mão de obra” e apontando como solução a contratação de trabalhadores no exterior, “como se faz em todos os destinos turísticos”.
A oposição no parlamento madeirense – PS, JPP e PCP – avançou, no entanto, com várias críticas ao desempenho do executivo no setor.
O deputado socialista e líder do partido, Sérgio Gonçalves, recusou o “cenário cor-de-rosa” traçado por Albuquerque e acusou o Governo de descurar a “requalificação do produto Madeira”, alertando para os constrangimentos provocados pela grande afluência de turistas em determinados pontos e os problemas ao nível da formação profissional.
“O que está a ser feito para resolver estas situações e receber com dignidade os turistas que nos visitam?”, questionou.
Pelo JPP, Élvio Sousa disse que o turismo é um setor “fundamental” para a economia da Madeira, mas considerou que fica prejudicado pela inexistência de uma ligação marítima de passageiros entre a ilha e continente, e acusou o Governo de não manifestar “força e energia” na procura de parcerias a este nível.
Já o deputado único do PCP, Ricardo Lume, alertou para a situação dos trabalhadores do setor, afirmando que os aumentos salariais acordados recentemente, que variam entre 1,5% e 7%, não travam a precariedade laboral.
“A realidade é que o crescimento do setor não chega aos seus principais ativos: os trabalhadores”, disse.
O deputado comunista quis, também, saber quando é que a Escola de Hotelaria e Turismo da Madeira (EPHTM) terá uma gestão pública, que disse ser determinante para garantir mão de obra qualificada.
A EPHTM foi criada em 1997 pelo Governo Regional, mas em 2009 foi concessionada por 15 anos à empresa CELFF – Centro de Estudos, Línguas e Formação do Funchal – com a qual a região entrou em litígio devido a irregularidades na gestão.
No parlamento, Miguel Albuquerque esclareceu que, a partir de julho, a Escola de Hotelaria terá uma gestão partilhada – público e privado –, passando totalmente para o setor público em 2023.
Sobre a intervenção do deputado Sérgio Gonçalves, o presidente do Governo Regional ironizou e disse que “o líder do PS foi mandrião e não estudou o tema”, vincando também que a grande afluência de turistas é um “problema bom”.
“Arranjem-nos mais problemas destes”, disse, acrescentando: “O PS/Madeira é um dos partidos com maior insucesso ao longo da sua história, porque é colonizado por um conjunto de pessoas que fazem política com o ressentimento”.
Já em relação à ligação marítima de passageiros entre a Madeira e o continente, questão levantada pelo JPP, Albuquerque reconheceu ser uma boa forma de o país exercer a “soberania efetiva” sobre a plataforma continental, mas considerou que não há “vontade política” do Governo da República.
“Qualquer ligação entre as ilhas e o continente tem de ser subsidiada pelo Estado”, declarou.
No debate com o Governo Regional, no qual participaram também os secretários do Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, e do Ambiente e Recursos Naturais, Susana Prada, Miguel Albuquerque indicou que, entre janeiro e abril de 2022, foram registados 966.165 passageiros no Aeroporto da Madeira, o que representa +200% do que no período homólogo.
Por outro lado, as previsões para o verão apontam para uma oferta de 1,5 milhões de lugares, mais 37,5% do que em 2019, com 8.400 frequências (+28%) e ligação a 26 países (+73%), com 38 companhias a operar a Madeira (+23%).
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