João Fernandes lamentou a decisão adotada pelos municípios, expressou a sua discordância quanto à aplicação da taxa turística e questionou o “‘timing’” e “modelo escolhidos”, posição na qual o presidente da RTA disse ser acompanhado pelas “duas associações mais representativas do alojamento na região”, a Associação dos Hotéis e empreendimentos turísticos do Algarve (AHETA) e a Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve (AIHSA).
A Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) aprovou na sexta-feira as bases para a introdução de uma taxa turística, de 1,5 euros por dormida (crianças até 12 anos não pagam), entre março e outubro, estimando uma receita anual de 20 milhões de euros, embora a medida ainda tenha de ser aprovada pela Assembleia Municipal de cada um dos 16 municípios da região.
“Trata-se de uma decisão errada, que surge em contraciclo com a procura turística e que pode gerar perda de competitividade para o destino Algarve”, advertiu o presidente da entidade regional de turismo algarvia em comunicado.
O presidente da RTA considerou que a aplicação desta taxa “não atende à realidade da concorrência”, porque esta é apenas cobrada nas Ilhas Baleares e na Catalunha, em Espanha, e na Tunísia, e assiste-se atualmente a “uma forte retoma de destinos concorrentes do Algarve, tais como a Grécia, a Turquia, a Tunísia e o Egito”, que “não estão sujeitos às regras da concorrência europeia e apresentam preços muito agressivos”.
A esta retoma de mercados concorrentes, sobretudo do norte de África, junta-se a saída do Reino Unido da União Europeia (“Brexit”), “processo que já fez cair o poder de compra dos britânicos devido à desvalorização da libra face ao euro e que afeta o principal mercado emissor de turistas para o Algarve”, frisou João Fernandes.
O responsável do Turismo do Algarve considerou que é também necessário que a região acabe de “ajustar-se à realidade criada pela falência de companhias aéreas como a Monarch, a Air Berlin e a Niki Airlines”, que operavam para o aeroporto de Faro a partir de mercados emissores de turistas, como o Reino Unido e a Alemanha, exemplificou.
João Fernandes acha “igualmente estranho” que a aplicação da taxa não seja feita a partir de uma data concreta em todos os municípios, o que poderá “gerar desigualdades dentro da região e enfraquecer o destino como um todo”, alertou.
“Por último, a taxa turística não atende à diferença entre a realidade de um destino cidade, como Lisboa e Porto, com estadias curtas de um ou dois indivíduos, por comparação com o Algarve, destino familiar e com estadias prolongadas, para as quais a aplicação de uma taxa com estas características é mais penalizadora”, distinguiu ainda o presidente da RTA.
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