
“Estamos de férias em Roma, mas não poderíamos deixar de ir ver o túmulo do Papa”, disse à Lusa a brasileira Alaíde Rufino, que incluiu a basílica num dos pontos obrigatórios de paragem.
Depois da afluência recorde registada nos dias logo após o sepultamento, que coincidiu com o Jubileu dos Adolescentes, a igreja tem registado uma procura consistente de 20 a 25 mil pessoas por dia, segundo as forças de segurança que fazem o controlo das entradas. Antes, explicou um dos carabinieri (policia local), a procura não superava as cinco pessoas por dia.
No interior, os olhos todos viram-se para o túmulo simples de Francisco no lado esquerdo da basílica e são muitos os que apenas vão ver aquele local discreto, tiram fotografia ou fazem vídeos e depois saem.
“Esses são apenas turistas ou estão a trabalhar para o tik tok”, explicou a colombiana Eva Garrio, que veio a Itália para rezar pelo futuro da Igreja.
Imigrante em Espanha, tirou férias para estar em Roma durante o Conclave. Por isso, sabe que há outros pontos de interesse na Basílica, entre os quais o motivo de Francisco ter pedido para ser sepultado no local e não em São Pedro ou noutra basílica apostólica de Roma.
Durante o seu pontificado, Francisco foi 126 vezes rezar defronte da imagem de Nossa Senhora denominada Salus Populi Romani, atribuída a São Lucas Evangelista, e um dos ícones mais antigos da Igreja Católica.
A imagem está numa das laterais da igreja e quem lá está sabe dessa devoção de Francisco.
“É tão bonita, é prova de que a Igreja é muito mais do que os homens que a fazem”, explicou Eva, que também foi ao altar do Santíssimo Sacramento e ajoelhou-se em frente à grande estátua de Pio IX, outro Papa devoto do local.
Alaíde Rufino foi a Roma como turista mas agora transformou a viagem também numa peregrinação de fé.
“Sou católica, do sul do Brasil, e eu gostava muito deste Papa. E queremos um Papa que continue este caminho, porque não queremos mais uma Igreja fechada e conservadora”, disse, dando o seu próprio exemplo.
“Eu sou divorciada, mas quero continuar a ser católica. Como é que eu posso fazer? Estou presa, sem poder praticar a minha fé? Sem poder comungar”, afirmou Alaíde Rufino.
Francisco tentou modernizar a Igreja, mas há muitos elementos da hierarquia e entre os crentes que querem que “nada mude” e “tudo fique na mesma”, considerou a gaúcha.
Quanto ao futuro, “estamos a dar uma torcida para que seja um Papa bom e moderno”, acrescentou.
A sua amiga, Tânia, é menos otimista. “Acho que eles [os cardeais] são ainda uma minoria e tenho temor que as coisas piorem”, afirmou ainda.
O Conclave tem início na quarta-feira, dia 07 de maio, e caberá aos 133 cardeais eleitores, com menos de 80 anos, a responsabilidade de escolher o sucessor de Francisco.
Todos os dias serão feitas quatro votações e o futuro Papa deverá ter pelo menos dois terços dos boletins contados.
*Por Paulo Agostinho, enviado da Agência Lusa
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