Donald Trump assinou hoje um memorando de saída dos EUA do acordo de Parceria Transpacífico (TPP), acordo comercial estabelecido entre países da região Ásia-Pacífico. Assinado pelo seu antecessor, Barack Obama, de forma a criar a maior área de comércio livre do mundo, o tratado foi concebido com o objetivo de servir de contrapeso à influência crescente da China. Foi assinado em 2015 por 12 países da região Ásia-Pacífico (EUA, Japão, Malásia, Vietname, Singapura, Brunei, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, México, Chile e Peru são as nações participantes, que representam 40% da economia mundial), mas não entrou em vigor.
Durante a campanha eleitoral, Trump classificou o acordo de "terrível" para os trabalhadores americanos.
"Temos falado muito disso durante muito tempo", disse Trump enquanto assinava a ordem executiva na Sala Oval da Casa Branca. "O que acabámos de fazer é uma grande coisa para os trabalhadores americanos", acrescentou.
A administração Obama considerava o TPP como o melhor tratado possível, uma vez que inclui não só a eliminação de barreiras comerciais, como também normas sobre legislação laboral, ambiente, propriedade intelectual e compras estatais.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, árduo defensor do tratado, admitiu no final de 2016 que sem os EUA o TPP "não teria sentido".
Contratações estatais congeladas
O recentemente empossado presidente norte-americano assinou também uma ordem de congelamento nas contratações para o governo federal americano, com exceção das relacionadas com a segurança nacional.
A suspensão de novas contratações era uma das maiores promessas de campanha de Donald Trump, tendo integrado o seu programa de governo. Durante a companha eleitoral, no entanto, o novo presidente americano sugeriu que as áreas de saúde e segurança ficariam de fora do congelamento.
A imprensa americana informou na primeira semana de janeiro que diversos órgãos federais aceleraram os seus processos de recrutamento antes da chegada de Trump à Casa Branca.
Apoio a ONG's que apoiem o aborto passa também a estar limitado
Adicionalmente, Trump assinou uma ordem com o objetivo de limitar de apoio financeiro a ONG's estrangeiras que apoiem o aborto. A medida foi adotada no dia a seguir ao 44.º aniversário da emblemática sentença do Supremo Tribunal americano no caso "Roe V. Wade", de 1973, o qual legalizou o aborto noem 1973, bem como dois dias depois de milhões de americanos se terem manifestado pelos seus direitos nas várias manifestações "Women's March".
"As mulheres mais vulneráveis do mundo vão sofrer com esta política, que mina anos de esforços a favor da saúde das mulheres", reagiu Cecile Richards, presidente da Planned Parenthood, a maior rede de planeamento familiar dos Estados Unidos. "Isto vai provocar o encerramento de clínicas no mundo inteiro e um aumento dos nascimentos indesejados e de abortos perigosos", advertiu, fazendo um apelo ao "combate".
Conhecida também como "Mexico City Policy" por ter sido anunciada durante a presidência do republicano Ronald Reagan na conferência internacional das Nações Unidas sobre a população, celebrada na capital mexicana em 1984, a medida reimplantada por Donald Trump prevê que os recursos federais de ajuda internacional não possam ser atribuídos a ONG's estrangeiras que praticam o aborto ou defendem a sua legalização.
Esta restrição tinha sido anulada pelo democrata Bill Clinton (1993-2001), restituída pelo republicano George W. Bush (2001-2009) e novamente anulada pelo seu sucessor, Barack Obama (2009-2017).
[Notícia atualizada às 19h40]
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