“A empresa não quer dialogar com os trabalhadores e com os sindicatos. Fez um ato de gestão. Sabemos dos lucros e da sua distribuição. Há pessoas, ao fim de 12 anos, ainda a receber o salário mínimo”, afirmou o secretário-geral do Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Correios, Telecomunicações, Media e Serviços (SINDETELCO), José Arsénio, em declarações à Lusa.

A estrutura sindical, afeta à UGT, lamentou ainda a perda da qualidade do serviço, o que defendeu não ser culpa dos carteiros, embora haja registo de agressões contra estes profissionais.

José Arsénio referiu que a empresa tem dito que os padrões da concessão não estão bem, vincando que “quem mete a concessão a concurso é que mete as condições”.

Assim, sublinhou que o “Governo não fez um bom serviço à população”, acrescentando que o texto da concessão ainda não é conhecido.

“A situação preocupa-nos bastante porque mete em causa o serviço da empresa. O serviço postal universal representa 50% do valor financeiro do grupo”, indicou.

Os trabalhadores afirmam também estar indignados com um aumento de 7,50 euros, “através da aplicação de um ato de gestão”, sem negociar com os sindicatos.

Por outro lado, não querem fazer horas extraordinárias, que não são remuneradas, e apelam para a revisão dos valores do abono para falhas.

“A UGT tem como princípio o diálogo social e a concertação. Quando tal não é possível, a greve é o único caminho possível para salvaguardar os interesses dos trabalhadores e da população”, concluiu o secretário-geral do SINDETELCO.

Num comunicado hoje divulgado, a Associação Nacional de Responsáveis de Distribuição (ANRED) considerou que esta greve “não resolve qualquer problema, prejudica os portugueses e é oportunista, uma vez que foi convocada para um dia após o feriado nacional e antes do início de um fim de semana”.

A associação notou que, apesar do “continuado contexto de dificuldades”, algumas organizações decidiram convocar a greve geral por discordarem do aumento de 7,50 euros.

Perante o contexto em causa e a “forte quebra” na atividade da empresa, a ANRED disse que os ajustes salariais têm que ser coerentes e efetuados “de forma ponderada”, vincando que a greve é “inoportuna e em nada contribui para os interesses dos trabalhadores”.

A associação assegurou que quer salários justos para os trabalhadores, ressalvando que também defende que isso seja feito de maneira a preservar os postos de trabalho e a sustentabilidade da empresa.

“A ANRED entende que esta greve apenas vai contribuir para a deterioração do serviço postal e da qual qualidade, em nada contribuindo para a preservação dos postos de trabalho e para a sustentabilidade da empresa”, apontou, pedindo a todos os trabalhadores “que digam não a esta greve”.