Já dizia Maria José Valério que os telefones tocavam a toda a hora, no clássico de 1961 'Menina dos telefones', mas hoje tocaram no Kremlin e em Kiev, e era Trump do outro lado da linha.

Donald Trump e Vladimir Putin desligaram o telefone após uma conversa que durou cerca de hora e meia. "Concordamos em trabalhar juntos, muito próximos, inclusive em visitar os países um do outro", disse Trump nas redes sociais.

A dupla concordou que "as nossas respetivas equipas iniciassem negociações imediatamente" sobre a Ucrânia.

Como líderes das potenciais negociações irão ficar o secretário de Estado Marco Rubio, o diretor da CIA John Ratcliffe, o conselheiro de segurança nacional Michael Waltz e o embaixador Steve Witkoff, disse Donald Trump.

Trump descreve a conversa telefónica como "altamente produtiva" e que os líderes "concordaram que queremos impedir que milhões de mortes ocorram na Guerra com a Rússia/Ucrânia".

"Quero agradecer ao presidente Putin pelo seu tempo e esforço em relação a esta ligação e pela libertação, ontem, de Marc Fogel, um homem maravilhoso que eu cumprimentei pessoalmente ontem à noite na Casa Branca", disse Trump.

De seguida foi a vez de Zelensky atender o telefone

A reação do líder ucraniano foi feita na rede social X, depois de uma conversa com Donald Trump também por telefone, esta tarde.

"Tive uma conversa significativa com Donald Trump", começou por referir o líder ucraniano Volodymyr Zelensky.

"Conversamos longamente sobre oportunidades para alcançar a paz, discutimos a nossa prontidão para trabalhar juntos no nível de equipa e as capacidades tecnológicas da Ucrânia — incluindo drones e outras indústrias avançadas. Estou grato ao presidente Trump pelo seu interesse no que podemos realizar juntos", referiu.

"Também falamos sobre a minha discussão com secretário do Tesouro dos Estados Unidos e a preparação de um novo documento sobre segurança, cooperação económica e parceria de recursos", acrescenta.

"O presidente Trump partilhou os detalhes da sua conversa com Putin. Ninguém quer a paz mais do que a Ucrânia. Juntos com os EUA, estamos a mapear os nossos próximos passos para deter a agressão russa e garantir uma paz duradoura e confiável. Como disse o presidente Trump, vamos lá então concretizar a paz", sublinhou também.

"Concordamos em manter contacto e planear reuniões futuras", acrescentou.

Troca de territórios em cima da mesa

Recorde-se que ontem em entrevista ao jornal britânico The Guardian, esta terça-feira, Zelensky admitiu a possibilidade de oferecer à Rússia uma troca direta de território no caso de Trump conseguir levar os dois países à mesa de negociações.

Neste caso, Zelensky abriria mão das terras que Kiev detém na região russa de Kursk desde o lançamento de uma ofensiva surpresa há cerca de seis meses.

“Nós podemos trocar um território por outro”, sublinhou, mas acrescentou que não sabia qual parte da terra ocupada pela Rússia a Ucrânia pediria em troca. “Eu não sei, veremos. Mas todos os nossos territórios são importantes, não há prioridade”, acrescentou.

Depois destas afirmações, a Presidência da Rússia rejeitou hoje a proposta sobre a troca de territórios ocupados entre Kiev e Moscovo como parte das negociações de paz.

“Isso é impossível. A Rússia nunca discutiu e nunca vai discutir uma troca envolvendo territórios”, declarou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, acrescentando que as forças ucranianas que ocupam parte da região de Kursk vão ser aniquiladas ou expulsas.