Também três dos seis jardins-de-infância do concelho não abriram as portas por falta de condições de funcionamento, nomeadamente falta de eletricidade e de água. Apenas três escolas básicas funcionaram normalmente. Em todos os estabelecimentos de ensino, como no resto do concelho, não funcionam telemóveis ou telefones fixos e não existe internet ou televisão digital.
A Escola Sec./3 Dr.ª Maria Cândida, situada na sede do concelho, funcionou apenas durante a manhã, mas os alunos acabaram por ser mandados para casa, uma vez que a falta de energia elétrica impediu que fosse confecionado e servido o almoço.
Pelas 15:30 de hoje a energia elétrica já tinha sido restabelecida em mais de metade deste concelho do distrito de Coimbra, com 104 quilómetros quadrados e pouco mais de 12 mil habitantes, que ficou totalmente às escuras pouco passava das 23:00 de domingo. Piquetes da EDP e da autarquia têm trabalhado 24 horas por dia para limpar as zonas mais afetadas e repor a energia elétrica, segundo responsáveis locais.
Ao final da tarde de domingo, a energia elétrica regressou à sede do concelho onde ficam situados os principais serviços de saúde e os bombeiros. Seguiu-se a zona de captações de água e outras áreas consideradas prioritárias. Hoje de madrugada, a energia regressou a muitas aldeias a poente.
Apesar do regresso da energia elétrica, o concelho continua isolado do ponto de vista das comunicações móveis e fixas. A rede da Altice, que cobre o concelho e é utilizada pela câmara e outras entidades, não funciona, tornando impossível fazer as mais simples ligações. Nas residências particulares e nas entidades oficiais não há internet, móvel ou fixa, nem televisão digital, nem chamadas para números móveis ou fixos.
O presidente da câmara, Raul Almeida, garante que a autarquia tem sensibilizado a empresa para a necessidade de resolver a situação, "mas não recebeu uma resposta conclusiva". O autarca queixa-se de "isolamento", lembrando que é a segunda vez no espaço de um ano que o concelho fica sem comunicações.
Após os incêndios de outubro do ano passado, largas áreas do concelho estiveram sem comunicações durante semanas, obrigando os habitantes a deslocarem-se aos concelhos vizinhos para fazer uma simples chamada. Tal como agora, há áreas onde é possível com dificuldade fazer chamadas telefónicas usando a rede de outros operadores.
Raul Almeida pede à empresa Altice que acabe com o isolamento do concelho, lembrando que Mira tem "enfrentado com resiliência" situações muito complicadas.
Os incêndios de 2017, que não provocaram vítimas mortais, causaram em Mira mais de 30 milhões de euros de prejuízos em unidades fabris e explorações agrícolas e deixaram uma dúzia de pessoas desalojadas.
A passagem do furacão Leslie por Portugal, no sábado e domingo, onde chegou como tempestade tropical, provocou 28 feridos ligeiros e 61 desalojados.
A Proteção Civil mobilizou 8.217 operacionais, que tiverem de responder a 2.495 ocorrências, sobretudo queda de árvores e de estruturas e deslizamento de terras.
O distrito mais afetado pelo Leslie foi o de Coimbra, onde a tempestade, com um "percurso muito errático", se fez sentir com maior intensidade, segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).
Na Figueira da Foz, uma rajada de vento atingiu os cerca de 176 quilómetros por hora no sábado à noite, valor mais elevado registado em Portugal, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
No domingo à noite, a Altice Portugal revelou que cerca de 50 mil clientes da rede fixa estavam com serviços afetados, na sequência da tempestade.
Já a EDP Distribuição declarou no domingo o Estado de Emergência para o distrito de Coimbra, o mais grave previsto no seu plano de atuação, e admitiu recorrer a meios internacionais para reparar os danos causados pela tempestade tropical Leslie.
Mais de 100 mil consumidores estavam sem energia elétrica na tarde de domingo.
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