Em plena guerra entre Israel e as milícias palestinianas em Gaza, já no seu trigésimo dia, Hagari revelou, numa conferência de imprensa, dados dos seus serviços de informações e do Exército segundo os quais o Hospital Indonésio e o Hospital do Qatar, ambos no norte da Faixa, estão a ser usados "para atividades terroristas clandestinas do Hamas”.

O porta-voz explicou que os dois centros médicos são usados como parte da estrutura do túnel subterrâneo dos combatentes do Hamas na Faixa de Gaza.

Em relação ao Hospital do Qatar, observou que no âmbito da sua ofensiva terrestre, os soldados israelitas descobriram que nas suas instalações havia “uma abertura para um túnel que é utilizado para atividades terroristas”.

“Os terroristas também dispararam contra os nossos soldados de dentro do hospital”, acrescentou Hagari, que reiterou a sua acusação de que o Hamas usa a população civil de Gaza como escudo humano, e denunciou que o grupo islamita “é fraco sem escudos humanos”.

Por outro lado, também acusou o Hamas de ter construído o Hospital Indonésio, há anos, como esconderijo para o seu "centro de comando" entre as cidades de Beit Hanoun e Jabalia, no norte de Gaza, onde agora ocorrem combates no terreno desde o início da ofensiva terrestre israelita, que começou em 27 de outubro e em que já morreram 29 soldados israelitas.

Segundo Hagari, a prova de que o hospital estaria conectado à rede subterrânea das milícias é que Israel identificou pontos de lançamento de projéteis supostamente ligados à estrutura subterrânea a apenas 75 metros do próprio centro médico.

O Hamas “coloca armas debaixo de escolas, mesquitas, casas”, acrescentou o porta-voz, que reiterou a acusação de que o principal hospital da Faixa, o Al Shifa, na cidade de Gaza, abriga, nos túneis, um quartel-general do Hamas.

Desde o início da guerra, em 07 de outubro, os palestinianos em Gaza denunciaram as repetidas ameaças de Israel de evacuar os centros de saúde sob ameaça de ataque, bem como os ataques nos seus arredores, que causaram danos, feridos ou mesmo mortes.

Na sexta-feira, um ataque israelita que atingiu ambulâncias em frente ao Hospital Shifa, em Gaza, fez 15 mortos.

Israel afirma que tenta minimizar as baixas civis e que ataca com base em informações de inteligência, enquanto os palestinianos e grupos de direitos humanos acusam Telavive de atacar indiscriminadamente locais densamente povoados.

Considerado terrorista pela UE, Estados Unidos e Israel, o grupo islamita palestiniano Hamas efetuou em 07 de outubro um ataque de dimensões sem precedentes em território israelita, fazendo mais de 1.400 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns, que mantém em cativeiro na Faixa de Gaza.

Iniciou-se então uma forte retaliação de Israel àquele território palestiniano pobre, desde 2007 controlado pelo Hamas, com cortes do abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que completou na quinta-feira o cerco à cidade de Gaza.

De acordo com o mais recente relatório do Hamas, divulgado hoje, 9.770 pessoas, incluindo 4.800 crianças e 2.550 mulheres, foram mortas na Faixa de Gaza desde 7 de outubro, em bombardeamentos de retaliação perpetrados por Israel.

Pelo menos 345 soldados israelitas foram mortos desde 7 de outubro, segundo o exército.