Num requerimento que deu hoje entrada na comissão de inquérito ao furto de material de guerra dos paióis de Tancos, o PSD propõe ouvir o atual e o anterior ministro da Defesa, João Gomes Cravinho e Azeredo Lopes, a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, e o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
Num total de 21 personalidades a ouvir, o PSD propõe que o primeiro a ser ouvido seja o ex-chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte. A secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, Helena Fazenda, o ex-secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa [SIRP], Júlio Pereira, e a atual, Graça Mira Gomes, são os seguintes na lista do PSD.
O PSD solicitou também uma visita às instalações dos Paióis Nacionais de Tancos, para “ter contacto presencial com o local onde terá ocorrido o furto do material de guerra”, lê-se, num outro requerimento.
O major-general Esperança da Silva, inspetor geral do Ministério da Defesa Nacional, e o major-general Luís Nunes da Fonseca, inspetor-geral do Exército, os comandantes das cinco unidades do Exército que foram exonerados por Rovisco Duarte e readmitidos duas semanas depois, e ainda os dois generais que se demitiram em divergência com a forma como o ex-CEME geriu o caso de Tancos, Antunes Calçada e António Menezes, constam também da lista do PSD.
Os deputados sociais-democratas na comissão de inquérito propõem ainda ouvir os arguidos no processo judicial, a começar pelo ex-diretor da PJM, coronel Luís Vieira, e pelo anterior porta-voz, Vasco Brazão, e o atual diretor, Paulo Isabel.
Na área da Justiça, o PSD propõe chamar o diretor-nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, a atual e a anterior procuradora-geral da República, Lucília Gago e Joana Marques Vidal.
O atual CEME, Nunes da Fonseca, o general Martins Pereira, ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes, o atual comandante da GNR, general Botelho Miguel, completam a lista de audições propostas pelo PSD, que admite chamar mais personalidades “em função da necessidade de esclarecimentos adicionais”.
A comissão de inquérito ao furto de material militar dos paióis de Tancos iniciou os trabalhos a 14 de novembro, e tem como objeto "identificar e avaliar os factos, os atos e as omissões" do Governo "relacionados direta ou indiretamente com o furto de armas em Tancos", de junho de 2017, data do furto, ao presente, e "apurar as responsabilidades políticas daí decorrentes".
O furto do material militar, entre granadas, explosivos e munições, dos paióis de Tancos foi noticiado em 29 de junho de 2017.
Em setembro, a investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada Operação Húbris, levou à detenção para interrogatório de militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR e foi nessa altura que o CDS anunciou a comissão de inquérito, aprovada apenas com a abstenção do PCP e do PEV.
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