No final da arruada dos socialistas em Moscavide, município de Loures, António Costa foi confrontado com o teor de uma notícia do semanário Expresso sobre o processo de roubo de armas na base militar de Tancos, segundo a qual Belém tinha registado que o primeiro-ministro não defendera o Presidente da República em relação a tentativas para envolver Marcelo Rebelo de Sousa no caso.
"Como sabem, há notícias que não se podem ter em conta nem levar em consideração. Se fosse comentar cada notícia que aparece a dizer os maiores disparates sobre mim, sobre o Presidente da República, ou sobre quem quer que seja, não faria rigorosamente mais nada", reagiu o secretário-geral socialista.
Depois, em relação à situação em concreto de Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa declarou: "Quanto ao senhor Presidente da República, creio que está acima de qualquer suspeita sobre o que quer que seja".
"Nem sabia dessa história", acrescentou.
Questionado sobre o processo judicial em torno do roubo de armas na base militar de Tancos, no verão de 2017, o secretário-geral do PS repetiu a sua tese.
"Há cinco anos que mantenho a mesma regra e não é agora, seguramente, que a vou quebrar. Os casos da justiça tratam-se na justiça e não se tratam na rua, muito menos em campanha eleitoral", afirmou.
Na terça-feira, em Nova Iorque, depois de discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, Marcelo Rebelo de Sousa repudiou rumores sobre um seu hipotético envolvimento no caso de Tancos, frisando que "o Presidente da República não é nenhum criminoso".
Já na quarta-feira, após um almoço com a Associação de Cabo Verde de Lisboa, integrado na campanha eleitoral do PS, António Costa foi questionado de forma genérica pelos jornalistas sobre os mais recentes desenvolvimentos do caso referente ao roubo de armas na base militar de Tancos.
António Costa limitou-se a dizer que "isso é da justiça" e não fez mais qualquer comentário sobre o assunto.
Hoje, fontes socialistas apontaram que a pergunta feita pelos jornalistas ao secretário-geral do PS na terça-feira não mencionou qualquer espécie de hipotético envolvimento do chefe de Estado no caso, razão pela qual concluem que "houve um enorme equívoco quando se pôs a circular a interpretação de que António Costa não defendeu o Presidente da República".
Para Belém, segundo o semanário Expresso, está em causa uma "pré-acusação" montada na véspera da acusação de Tancos ser pública, visando desviar o foco deste caso do Governo e do PS.
As declarações esta manhã proferidas pelo secretário-geral do PS foram feitas cerca de uma hora antes de ser conhecido que o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes foi acusado pelo Ministério Público de abuso de poder, denegação da justiça e prevaricação no caso de Tancos e proibido do exercício de funções.
(Artigo atualizado às 12:29)
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