Em cinco requerimentos, a que a Lusa teve acesso, os centristas, que propuseram o inquérito parlamentar, pedem dezenas de documentos ao Exército, de quem dependiam os paióis de Tancos, onde se se deu o furto, em junho de 2017.
A lista de pedidos ao Exército é longa e inclui relatórios de segurança sobre as instalações dos paióis, incluindo o da intrusão no dia 17 de julho de 2017, a auditorias da Inspeção-Geral da Defesa Nacional e os processos disciplinares movidos aos militares.
À PJM é pedido o memorando, noticiado pelos jornais, entregue pelo ex-diretor da instituição Luís Vieira ao chefe de gabinete do ministro da Defesa que alimentou a tese da alegada operação de encobrimento no aparecimento de parte do material furtado.
É ainda pedida a documentação enviada pela Procuradoria-Geral da República à comissão parlamentar da Defesa Nacional, parte dela em segredo de justiça, ao abrigo do inquérito em curso pelo Ministério Público.
O CDS-PP quer ainda uma resposta da Entidade Fiscalizadora do Segredo de Estado sobre que “documentos relativos ao furto do material militar ocorrido em Tancos e ao aparecimento do material militar na Chamusca se encontram identificados como classificados”.
Outro dos pedidos refere-se à ata da reunião da Unidade de Coordenação Antiterrorista (UCAT), de 29 e 30 de junho de 2017, dias após o furto, em que o assunto foi analisado.
A comissão de inquérito ao furto de material de militar de Tancos vai reunir-se duas vezes por semana e começa as audições às 63 personalidades em janeiro, segundo o calendário acordado e hoje divulgado.
Após a semana do Natal, a comissão vai também fazer visitas a Tancos e ao Campo Militar de Santa Margarida, para onde foi transferida grande parte do material após o furto.
A partir de janeiro, começam as audições de pelo menos 63 personalidades e entidades, de acordo com as propostas apresentadas pelos partidos e aprovadas na reunião de quarta-feira.
A comissão vai ouvir as 63 personalidades e entidades até maio de 2019, incluindo o depoimento, por escrito, do primeiro-ministro, António Costa.
A comissão parlamentar de inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas do furto do material militar dos paióis de Tancos iniciou os trabalhos em 14 de novembro e tem como objeto "identificar e avaliar os factos, os atos e as omissões" do Governo "relacionados direta ou indiretamente com o furto de armas em Tancos", de junho de 2017, data do furto, ao presente, e "apurar as responsabilidades políticas daí decorrentes".
O furto do material militar, entre granadas, explosivos e munições, dos paióis de Tancos foi noticiado em 29 de junho de 2017.
Em setembro, a investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada Operação Húbris, levou à detenção para interrogatório de militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR e foi nessa altura que o CDS anunciou a comissão de inquérito, aprovada apenas com a abstenção do PCP e do PEV.
A comissão tem o prazo de 180 dias, até maio de 2019, prorrogável por mais 90, para chegar a conclusões.
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