Na primeira entrevista desde a reeleição, Tsai Ing-wen, de 63 anos, disse sentir que a proclamação de independência por Taiwan não é, contudo, necessária.
“Não precisamos de declarar que somos um Estado independente”, disse à cadeia televisiva britânica BBC. “Nós já somos um país independente, chamado República da China, Taiwan”, sublinhou.
Apesar de historicamente chinês, Taiwan funciona como um território autónomo desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista de Chiang Kai-shek se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente às forças comunistas.
Tsai, que centrou a campanha na ideia de que Taipé deve resistir às ameaças e autoritarismo do regime chinês, venceu as presidenciais, no sábado passado, com 57,1% dos votos.
A líder obteve 8,2 milhões de votos, mais do que quando foi eleita em 2016, num sinal de que a opinião publica de Taiwan é cada vez mais avessa a uma reunificação com o continente chinês.
A China nunca escondeu o desejo de uma mudança do poder na ilha, face às posições do partido de Tsai, o Partido Progressista Democrático (PPD), que rejeita o chamado 'Consenso de 92', que reconhece tanto Taiwan como a China continental como parte de uma única nação chinesa, ou a reunificação da ilha sob a fórmula ‘um país, dois sistemas’.
Aquela fórmula foi usada em Macau e Hong Kong, após a transferência dos dois territórios para a China, por Portugal e pelo Reino Unido, respetivamente, e garante às duas regiões um elevado grau de autonomia a nível executivo, legislativo e judiciário.
Pequim continua a rejeitar Taiwan como uma entidade política soberana e ameaça usar a força para reunificar o território, se necessário.
Após décadas de ditadura, sob o domínio das forças nacionalistas, Taiwan passou por uma transição política na década de 1980, e é hoje uma das democracias mais progressistas da Ásia.
“Temos uma identidade especial e somos um país como tal”, defendeu Tsai. “Somos uma democracia bem-sucedida, temos uma economia bastante sólida, merecemos o respeito da China”, realçou.
Tsai alertou ainda contra qualquer iniciativa militar de Pequim: “Invadir Taiwan seria muito caro para a China”.
As relações entre os dois lados do estreito esfriaram bastante desde que Tsai chegou ao poder.
Nos últimos quatro anos, a China conseguiu levar sete países, até então aliados diplomáticos de Taiwan, incluindo São Tomé e Príncipe, para que passassem a reconhecer Pequim como o único governo legítimo de toda a China.
Atualmente, a ilha é apenas reconhecida como um país soberano por 15 Estados, sobretudo nações da América Latina e do Pacífico.
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