
De acordo com a CNN, há um crescente movimento de contestação ao uso de redes de tubarões nas praias mais emblemáticas de Sydney, na Austrália.
E tudo começou no final de novembro, quando um grupo de nadadores partiu da Praia de Bondi, uma das mais conhecidas do mundo, em direcção a mar aberto. A cerca de 500 metros da costa, formaram uma linha humana de 150 metros sobre a rede de tubarões ali instalada. O objetivo era demonstrar quão insignificante é a dimensão da rede face à extensão da praia — e como tanto humanos como tubarões conseguem ultrapassá-la com facilidade.
As redes, instaladas em 51 praias entre Newcastle e Wollongong, têm sido criticadas por não garantirem segurança real e causarem danos à biodiversidade marinha. De setembro de 2023 a abril de 2024, foram registadas 255 capturas de animais, dos quais apenas 15 eram espécies-alvo (tubarão-branco, tigre e touro). As restantes incluíam raias, tartarugas, golfinhos e até espécies de tubarões inofensivos.
Marcel Green, responsável pelo programa de tubarões do Departamento de Indústrias Primárias e Desenvolvimento Regional de NSW, referiu à CNN que são usados alarmes e dispositivos acústicos para afastar baleias e golfinhos das redes, que são retiradas durante o Inverno, altura da migração das baleias.
Este ano, face ao aumento da actividade de tartarugas, as redes foram removidas a 31 de março — um mês antes do habitual. Segundo a organização Humane World for Animals, nenhum dos oito municípios que usam redes manifestou vontade de mantê-las para a próxima época, após consulta do governo estadual.
A pressão política também se intensifica. Embora as redes tenham reduzido em 90% os incidentes com tubarões desde a sua introdução, estudos apontam que outras tecnologias — como drones, linhas inteligentes e rastreio por app — oferecem proteção mais eficaz e menos danosa. Segundo o autarca de Sutherland Shire, Jack Boyd, “há medidas mais sofisticadas que não matam espécies não-alvo. Então porque manter as redes?”
Nos últimos dez anos, a Austrália registou, em média, menos de três mortes anuais por ataques de tubarões. Em contraste, só em 2023 houve 125 afogamentos no mar e mais de 1.200 mortes nas estradas. Desde o início do programa de redes em 1937, houve apenas uma morte num local com rede, em 1951.
A decisão sobre o futuro das redes deverá ser conhecida por altura do próximo orçamento estadual, previsto para junho.
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