Na sequência da publicação de fotografias na imprensa e redes sociais mostrando prateleiras vazias, os presidentes-executivos da Tesco, Sainsbury’s, Asda, Iceland, Co-Op e Marks & Spencer escreveram ao governo confirmando o risco de “perturbações significativas” a menos que sejam tomadas medidas urgentes para corrigir um sistema “inviável”.
O Reino Unido deixou definitivamente o mercado único europeu no final de 2020, depois do período de transição pós-‘Brexit’, que foi substituído por um acordo de comércio que entrou em vigor a 01 janeiro e que permite a troca de bens entre empresas britânicas e da UE sem quotas ou taxas aduaneiras.
Mas o novo sistema também introduziu complicações novas, como despesas e burocracia, incluindo declarações alfandegárias e controlos nas fronteiras.
A Irlanda do Norte continua alinhada com o mercado europeu devido os termos do acordo para o ‘Brexit’, que tentou manter a fronteira aberta com a Irlanda, membro da UE.
Porém, também significa que há controlos adicionais entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido, incluindo declarações aduaneiras para mercadorias e certificados sanitários de exportação para produtos alimentares de origem animal.
As duas partes concordaram num período de tolerância de três meses, até 01 de abril, e seis meses para certos produtos refrigerados, mas as empresas do setor dizem que já estão a sofrer com o peso da burocracia.
Ian Wright, presidente-executivo da Federação de Alimentação e Bebidas Britânica, disse hoje a uma comissão parlamentar que a Irlanda do Norte corre o risco de “passar de televisão a cores para preto e branco” em termos de escolha de alimentos.
O Governo britânico disse num comunicado que “uma nova equipa dedicada já foi criada e vai estar a trabalhar com supermercados, a indústria de alimentação e o Executivo da Irlanda do Norte para desenvolver formas de agilizar a circulação de mercadorias”.
Embora os receios de enormes filas de camiões junto aos portos marítimos do Canal da Mancha que ligam Inglaterra e França não tenham se concretizado durante o período tranquilo de Natal e Ano Novo, o Governo não exclui atrasos à medida que o volume de tráfego aumenta.
Wright disse que, para uma grande empresa britânica que ele conhece, o processo de exportação para a UE que antes costumava levar três horas agora leva cinco dias, e pediu que Londres e Bruxelas tomem medidas adicionais para remover as barreiras comerciais.
“Se não houver progressos, os custos vão aumentar, a escolha vai diminuir e a qualidade também vai dissipar-se, e isso não pode ser bom para ninguém”, afirmou.
Comentários