AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, FC Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham "uniram-se na qualidade de clubes fundadores" de uma nova competição no mundo do futebol, a Superliga Europeia. A confirmação chegou no final da noite de domingo e, ao longo desta segunda-feira, muitas foram as reações ao sucedido.
A competição de elite, concorrente da Liga dos Campeões, surge em oposição à UEFA e à FIFA, pelo que está a merecer duras críticas dos vários quadrantes do desporto, de clubes a federações europeias de futebol.
- A UEFA reafirmou que excluirá os clubes que integrem uma eventual Superliga europeia de futebol, e que tomará "todas as medidas necessárias, a nível judicial e desportivo" para inviabilizar a criação de um "projeto cínico". Aleksander Ceferin afirmou que a ideia é movida pela "ganância", considerando que são planos que vão "contra tudo aquilo que o futebol deve ser". Assim, há a possibilidade de os jogadores que alinharem na competição serem "proibidos" de participar em competições como Europeus e Mundiais. Ora, contemplando um cenário hipotético, mas não impossível, de que estrelas Portugal ficaria privado? E as outras seleções adversárias? É só ler este guia para saber quais;
- Já a FIFA referiu que só pode "desaprovar uma liga europeia fechada e dissidente, fora das estruturas do futebol", tornando claro "que se posiciona fortemente a favor da solidariedade no futebol e de um modelo de redistribuição equitativo", bem como "da unidade no futebol mundial", apelando "a todas as partes envolvidas para que tenham um diálogo calmo, construtivo e equilibrado, para bem do jogo";
- O comissário europeu Margaritis Schinas afirmou que a União Europeia deve defender "um modelo europeu de desporto baseado na diversidade e na inclusão", opondo-se também ao projeto. Além disso, a Comissão Europeia apelou a que o "desporto e as competições desportivas" sejam organizadas de maneira a serem "abertas a participantes";
- Por cá, Pedro Proença, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, deixou clara uma posição contra a competição, ainda antes do seu anúncio oficial. "A hipótese da criação de uma Superliga europeia, pensada e desenhada por uma pequena elite com intenções exclusivas, é algo a que nos continuaremos a opor frontalmente. Uma insanidade que colocaria em causa todos os alicerces fundamentais em que o futebol sempre se desenvolveu";
- A nível de clubes, os três grandes manifestaram-se também contra a criação desta competição. Pelo FCP, Pinto da Costa referiu que o clube não pode "estar a participar em algo contra os princípios e regras da união europeia"; o SCP, pela voz de Frederico Varandas, referiu que a prova é "contrária aos princípios de mérito que devem existir na modalidade" e o SLB recordou a posição já defendida pelo clube, em novembro de 2020, pelo administrador da SAD Domingos Soares de Oliveira.
No SAPO24, dois artigos de opinião mostram também o que está em causa com esta prova, considerada pelos cronistas "o Clubehouse de ricos" que "despreza a qualificação em campo como requisito para a participação de todos".
Francisco Sena Santos: "Os rebeldes querem, portanto, deixar a Champions para os pobres e remediados e terem para eles um campeonato europeu dos ricos. Eles são 15, têm lugar cativo e dispõem-se a, em cada época, deixarem que cinco clubes do povo clubista se juntem à festa deles".
Miguel Morgado: "A SuperLiga não é uma competição para o povo e pelo povo que ama o futebol. É contra o povo que escolheu o futebol como o desporto mais amado no planeta. Representa a morte do que o futebol deve ser. Uma competição que deve ter por base o mérito desportivo".
Face a todas as vozes que se levantaram — principalmente em reação à posição da UEFA e da FIFA — os 12 clubes fundadores da Superliga avisaram hoje os líderes destes organismos que vão perseguir ação judicial para impedir os esforços no sentido de proibir o avanço da nova competição.
Por outro lado, fizeram também saber que a competição tem já acordado um financiamento de quatro mil milhões de euros de uma instituição financeira para assegurar a prova, o banco norte-americano JP Morgan.
A guerra está aberta, falta saber qual é exatamente o próximo passo na estratégia de jogo.
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