“A Suécia apoiará ativamente os esforços para revigorar o processo de adesão da Turquia à UE, incluindo a modernização da união aduaneira UE-Turquia e a liberalização de vistos”, pode ler-se no comunicado da Aliança Atlântica, após a reunião entre o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson.
No final deste encontro, o secretário-geral da Aliança Atlântica anunciou que Erdogan vai enviar o quanto antes o protocolo de adesão da Suécia à NATO, para que seja ratificado pelo parlamento.
No comunicado à imprensa, a NATO refere que quer a Turquia, quer a Suécia, vão procurar “maximizar as oportunidades para aumentar o comércio e os investimentos bilaterais”, depois de terem concordado em intensificar a cooperação económica, através do Comité Económico e Comercial Conjunto Turquia-Suécia (JETCO).
Durante meses, a Turquia bloqueou a entrada da Suécia na NATO e Ancara acusava Estocolmo de dar asilo a elementos do PKK, que considera uma organização terrorista, providenciando-lhes uma base para coordenarem as operações em solo turco.
A Suécia, país que criticou no passado o desrespeito pelos direitos humanos pelo Estado turco, acedeu a parte dos pedidos de Ancara através do reforço das leis antiterroristas, que entraram em vigor em 01 de junho, e também concordou com a extradição de alguns dissidentes para a Turquia.
Na nota de imprensa divulgada hoje, a NATO destacou ainda que a “Suécia e Turquia têm trabalhado em estreita colaboração para abordar as legítimas preocupações de segurança” de Ancara, lembrando que Estocolmo alterou a sua constituição e leis.
“A Suécia e Turquia concordam hoje em continuar a sua cooperação sob o Mecanismo Conjunto Permanente Trilateral estabelecido na Cimeira da NATO em Madrid em 2022 e sob um novo Pacto de Segurança bilateral que se reunirá anualmente em nível ministerial e criará grupos de trabalho conforme apropriado”, frisou a Aliança Altântica.
Quer a Suécia, quer a Turquia, concordaram que “a cooperação antiterrorista é um esforço de longo prazo, que continuará além da adesão da Suécia à NATO”, pode ler-se.
Também a Aliança Atlântica irá “intensificar significativamente o seu trabalho” contra o terrorismo, estabelecendo, “pela primeira vez na NATO, o cargo de coordenador especial para o contraterrorismo”.
“Comprometemo-nos com o princípio de que não deve haver restrições, barreiras ou sanções ao comércio e investimento em defesa entre os Aliados. Vamos trabalhar para eliminar esses obstáculos”, acrescenta ainda a NATO no comunicado.
O finca-pé na ratificação da adesão sueca pelo parlamento turco também podia estar a ser utilizado por Ancara como moeda de troca para uma ambição do país: adquirir caças F-16 aos Estados Unidos da América (EUA).
Em outubro de 2021 a Turquia pediu autorização para comprar F-16 no valor de 20 mil milhões de dólares (pouco mais de 19 mil milhões de euros), assim como a modernização de 80 aeronaves que as Forças Armadas turcas já possuem.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, endossou o pedido e pediu ao Congresso que finalizasse a autorização. Contudo, o processo de aquisição está parado desde então, por haver congressistas que se opõem até haver progressos do executivo de Erdogan em matéria de respeito pelos direitos humanos.
Membros das duas câmaras do Congresso norte-americano também criticaram a postura de Ancara de atrasar o processo de adesão sueco, pelo que recusam ceder ao pedido para adquirir os F-16 enquanto a Turquia atrasasse o processo.
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