Na décima sessão do julgamento da invasão à academia ‘leonina’, em 15 de maio de 2018, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, o jovem brasileiro explicou que se encontrava sozinho no ginásio, quando viu um grupo de encapuzados a correr, dirigindo-se para o balneário para avisar o resto do plantel.
O médio contou ao coletivo de juízes, por videoconferência, a partir do Tribunal do Montijo, que alguém tentou fechar a porta do balneário, acrescentando que entraram no espaço entre 25 a 30 elementos, ouvindo alguém dizer que “não eram jogadores para o Sporting” e que “mandaram [os atletas] tirar a camisa [camisola]”.
O médio afirmou que foi agredido com estaladas na cara por um dos elementos e viu “agressões a outros companheiros”.
“Foram três pessoas agredidas: Acuña, Misic e William Carvalho. O Acuña não me recordo por quantas pessoas foi agredido, mas foi por mais do que uma, com tapas [estaladas] na cara e na cabeça. O Misic foi agredido com um cinto nas costas, por um deles. O William foi agredido na cabeça com tapas, mas não sei por quantos”, descreveu Wendel.
O jovem futebolista brasileiro referiu que os invasores “ficaram cerca de cinco minutos no balneário” e que “foi tudo muito rápido”, saindo todos ao mesmo tempo.
Wendel disse ainda ter visto fumo, provocado pelas tochas lançadas, que fez com que o alarme contra incêndios fosse ativado, acrescentando que ficou “com muito medo que [esta situação] voltasse a acontecer” no futuro.
O medido afirmou não se lembrar nem de se ter apercebido “da confusão” que aconteceu entre alguns jogadores do plantel e elementos da claque Juventude Leonina, no Aeroporto da Madeira, no domingo, 13 de maio, após a derrota com o Marítimo, por 2-1, que afastou os ‘leões’ da Liga dos Campeões.
Quanto à reunião de 14 de maio de 2018, véspera do ataque, entre o plantel e elementos do Conselho de Administração, incluindo o então presidente Bruno de Carvalho, Wendel afirmou igualmente não se recordar da mesma.
“Não me recordo, faz muito tempo”, respondeu o médio brasileiro.
Os futebolistas encontravam-se na academia do clube, em Alcochete, em 15 de maio de 2018, quando a equipa do Sporting foi atacada por elementos do grupo organizado de adeptos da claque Juventude Leonina, que agrediram técnicos, jogadores e outros funcionários do clube.
O processo, que está a ser julgado no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, ‘Mustafá’, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e ‘Mustafá’ também por um crime de tráfico de estupefacientes.
Comentários