"Em eleições autárquicas o PS teve [domingo] a maior vitória eleitoral de toda a sua história", declarou o secretário-geral socialista e primeiro-ministro, António Costa, no fim da noite eleitoral.
Ladeado pelo presidente do PS, Carlos César, e pela "número dois" da sua direção, Ana Catarina Mendes, António Costa falava por volta das 23:00 de domingo, numa altura em que este partido já tinha como garantida a manutenção das presidências da Câmara de Lisboa, da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) e da Associação Nacional de Freguesias - as principais metas eleitorais dos socialistas.
Ao início da madrugada, pelas estimativas da direção dos socialistas, apontava-se que o PS conquistasse mais de 160 câmaras (em 2013 venceu em 150) num total de 308, e que registasse um "score" superior a 38%, mais dois pontos percentuais do que nas últimas eleições autárquicas.
Por razões táticas, sendo o Governo socialista suportado pelo PCP, Bloco de Esquerda e "Os Verdes" no parlamento, a direção do PS apontou exclusivamente o PSD como "o grande derrotado" da noite eleitoral, sublinhando triunfos em bastiões "laranja" como Mirandela, São João da Madeira, Chaves, Ansião, Pedrógão Grande ou Felgueiras.
No entanto, a progressão do PS face a 2013 foi também feita à custa de autarquias tradicionalmente dominadas pela CDU, sendo o caso mais relevante o de Almada.
O PS ganhou ainda câmaras da CDU como Alcochete, Beja, Moura, Constância, Barrancos ou Castro Verde.
Por outro lado, na área Metropolitana de Lisboa, o PS voltou a vencer por larga margem na capital, ampliou a sua vitória em Sintra e manteve Odivelas e Vila Franca de Xira, dois municípios cuja manutenção do poder esteve em dúvida.
Ainda em relação aos principais centros urbanos do país, os socialistas conseguiram conservar a presidência da Câmara de Coimbra, que foi uma aposta forte da coligação PSD/CDS, e obtiveram um segundo lugar com um resultado na ordem dos 30% no Porto, onde há uns meses muitos observadores políticos antecipavam um desastre eleitoral.
Perante os jornalistas, na leitura que fez dos resultados eleitorais, António Costa optou por salientar a dimensão da derrota do PSD, omitindo ao mesmo tempo o recuo eleitoral da CDU na margem sul do Tejo e no Alentejo.
António Costa fez mesmo questão de frisar que os resultados da noite eleitoral autárquica deram mais força à solução política do atual Governo e recusou que os parceiros da esquerda parlamentar dos socialistas da lista tenham saído penalizados pelos eleitores.
"A vitória do PS não é a derrota de nenhum dos seus parceiros parlamentares. Há quatro anos ficámos 3,5 pontos percentuais acima do conjunto da direita, mas agora estamos pelo menos dez pontos percentuais à frente da direita", argumentou.
Em relação às poucas perdas registadas pelos socialistas nestas eleições, António Costa fez referências implícitas aos casos de Vizela, Vila do Conde e Celorico da Beira, atribuindo-as sobretudo ao aparecimento de listas independentes chefiadas por ex-autarcas do PS.
"Muitos dos que nos venceram foram anteriores autarcas do PS que internamente não foram escolhidos para serem nossos candidatos. Nesses casos os eleitores sobrepuseram-se à nossa própria avaliação", reconheceu o líder socialista.
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