O general Joseph Votel explicou hoje em Washington que não é aconselhável a retirada de forças militares da coligação liderada pelos EUA, argumentando com o baixo nível de preparação das forças armadas afegãs, que ficariam vulneráveis no terreno.
Por isso, o general questionou o desejo, expresso pelo Presidente Donald Trump, de fazer regressar o contingente norte-americano no terreno, após 17 anos de guerra, dizendo que qualquer decisão deve ser seriamente ponderada, perante todos os dados.
"As forças afegãs dependem do apoio da coligação internacional", disse Votel, quando interrogado sobre se o exército afegão é capaz de manter o país seguro.
"A minha opinião é que qualquer decisão de reduzir as forças no Afeganistão deve ser tomada após consulta dos nossos parceiros de coligação e, claro, do governo afegão", acrescentou o chefe das forças norte-americanas no Médio Oriente.
Joseph Votel, que deve se aposentar no próximo verão, já antes tinha criticado a decisão unilateral de Donald Trump de retirar as tropas dos Estados Unidos da Síria, sem consultar os aliados, que também causou a demissão do secretário de Estado da Defesa, Jim Mattis.
Para Votel, a retirada militar deve ser associada a "progressos políticos", referindo-se às negociações de paz em curso entre os EUA e o movimento talibã, em que o governo afegão não está envolvido.
Votel disse ainda que nunca recebeu qualquer instrução do governo para a retirada do Afeganistão: “Não há nenhuma ordem para uma retirada”.
Pressionado para dar a sua opinião pessoal sobre os méritos de uma retirada, Votel reconheceu que "as condições políticas e os empreendimentos concluídos para uma reconciliação não a permitem, hoje."
O enviado especial dos EUA para o Afeganistão, Zalmay Khalilzad, retomou as negociações com os talibãs, em Doha, em 25 de fevereiro.
O Departamento de Estado norte-americano disse, na terça-feira, que as negociações resultaram em mais "progressos", acrescentando que ainda há muito a ser feito, recusando comprometer-se com um prazo para o fim do diálogo.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, admitiu envolver-se pessoalmente nas negociações, durante uma possível futura viagem futura à região, sem adiantar mais pormenores.
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