“A CIM alerta que vai haver mau tempo e pede à população para se proteger e depois coloca os seus trabalhadores em situação de perigo. Não entendemos, parece que é castigo”, disse à agência Lusa o coordenador nacional do setor da conservação da natureza e das florestas do Sindicato Nacional da Proteção Civil.
Alexandre Carvalho afirmou que “há situações que vêm de fases intimidatórias” e, a título de exemplo, referiu a “recusa de trabalhadores, depois de uma semana inteira de trabalho, de irem para os incêndios da Serra da Estrela”.
“Estavam exaustos e recusaram-se a ir e depois foram alvo de toda a espécie de intimidação e ameaças verbais, pelos técnicos da CIM Viseu Dão Lafões”, acusou o sindicalista, sublinhando, à agência Lusa, que assistiu ao “abandono” a que estão sujeitos os trabalhadores.
Com o País em alerta devido ao mau tempo, “ontem [terça-feira] os trabalhadores da CIM Viseu Dão Lafões, sapadores florestais, estavam a desempenhar uma função como se se tratasse de um dia normal”.
“Ali andavam abandonados à chuva, e chovia torrencialmente, sem um único ponto de abrigo, ou seja, as carrinhas que lhes estavam afetas não se encontravam no local. Ficámos incrédulos, quando encontrámos aquela situação de total abandono a estes trabalhadores”, descreveu.
Uma situação que, em seu entender, se torna “mais grave por se tratar de um organismo público governado por 14 municípios e, para agravar ainda mais, tem um protocolo com a Comissão de Igualdade e Género”.
O dirigente sindical contou que, no mesmo dia, se cruzou com “assistentes operacionais, neste caso do Município de Viseu, que estavam todos abrigados, enquanto os da CIM estavam abandonados à sua sorte no meio do monte”.
“Há trabalhadores a participar num concurso para regularização dos seus vínculos precários, e bem, mas depois estão a ser confrontados com uma série de questões sem sentido, ou seja, há toda uma repressão” sobre os trabalhadores “por parte da CIM Viseu dão Lafões”, acusou.
O responsável acredita que “é possível que os presidentes [das câmaras] desconheçam o que se passa e a real situação” e, por isso, desafiou os 14 autarcas dos municípios da CIM a “reunirem-se e a resolverem o problema destes trabalhadores fundamentais para a gestão” do território.
“É bom que tomem uma atitude e não se acobardem em jogo político, porque é lamentável que, atualmente, um trabalhador na CIM não possa expressar a sua opinião de forma livre e democrática, porque se o fizer é discriminado ou fica a fazer outro tipo de trabalhos”, frisou.
Dos cerca de 20 sapadores florestais, “estão cada vez menos trabalhadores no ativo, porque começam a por baixas [médicas], quer por ficarem doentes, o que é normal tendo em conta as condições de trabalho, quer por não aguentarem a pressão”, referiu.
“Já hoje recebi um telefonema a informar mais uma baixa e alguns já pediram a demissão, por não aguentarem este clima. Das duas brigadas existentes só uma está completa, com 14 trabalhadores, a outra já não”, acrescentou.
A CIM Viseu Dão Lafões é constituída pelos municípios de Aguiar da Beira, Carregal do Sal, Castro Daire, Mangualde, Nelas, Oliveira de Frades, Penalva do Castelo, Santa Comba Dão, São Pedro do Sul, Sátão, Tondela, Vila Nova de Paiva, Viseu e Vouzela.
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