Ao final da manhã de hoje, arranca no Palácio d’Egmont (local independente e que não pertence a qualquer instituição europeia) o primeiro retiro de chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE), numa iniciativa de António Costa, que tomou posse em dezembro passado, para promover o diálogo informal entre os altos responsáveis europeus sem a pressão de chegar a conclusões ou decisões, como acontece nas cimeiras europeias regulares.
Quando existe um “sentimento comum de urgência” entre os Estados-membros e “um consenso” de que a UE necessita de reforçar as suas capacidades de defesa e segurança e investir mais nesta área, este encontro informal visa passar a mensagem de que esta aposta está agora na agenda comunitária, numa altura de tensões geopolíticas como no Médio Oriente e na Ucrânia e de uma nova era da política norte-americana.
Portugal está representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e entre os participantes estão também o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Mark Rutte, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, com a UE a tentar reforçar as parcerias internacionais e construir uma Europa mais forte e mais autónoma na área da defesa.
Dados da Agência Europeia de Defesa revelam que, entre 2021 e 2024, a despesa total com a defesa dos Estados-membros da UE aumentou mais de 30%. Só em 2024, estima-se um valor de 326 mil milhões de euros, o equivalente a cerca de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) da UE.
Prevê-se que as despesas aumentem em mais de 100 mil milhões de euros em termos reais até 2027.
Considerando apenas os 23 países da UE que também são membros da NATO, a despesa com a defesa foi de 1,99% do seu PIB combinado em 2024 e espera-se que seja de 2,04% em 2025.
Cálculos da Comissão Europeia divulgados em junho passado revelam que são necessários investimentos adicionais na defesa de cerca de 500 mil milhões de euros durante a próxima década.
No encontro informal de hoje, estará em cima da mesa não só uma discussão sobre capacidades, mas também como as financiar, com várias alternativas a serem estudadas, como ao nível do Banco Europeu de Investimento e do orçamento da UE a longo prazo.
Para já, não são de esperar conclusões ou decisões formais, mas antes um ponto de partida para a tomada de importantes decisões nos próximos meses, naquele que é o primeiro encontro de líderes europeus desde o início de funções do novo Presidente norte-americano, Donald Trump, e o primeiro com o primeiro-ministro do Reino Unido após o ‘Brexit’, como ficou conhecido o processo da saída britânica do bloco europeu e que aconteceu há cinco anos.
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