“Contamos que os trabalhos se iniciem na próxima semana na barragem da Vigia, que foi aquela que foi sinalizada como mais urgente”, revelou hoje à agência Lusa José Pedro Salema, presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), entidade que vai coordenar toda a operação.
Depois, acrescentou o mesmo responsável, “seguir-se-á o Monte da Rocha”, no concelho de Ourique (Beja), e, “numa segunda fase, dentro de algumas semanas”, as barragens do Pego do Altar, no concelho de Alcácer do Sal, e do Divor (Évora).
A retirada de um total de 150 mil quilos de peixe destas quatro albufeiras foi anunciada, na quarta-feira, pelo secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, no final de uma reunião, em Évora, com a participação de diversas entidades, sobre a situação da seca.
A operação, disse o governante, vai custar cerca de 120 mil euros, suportados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e visa retirar carga piscícola de barragens públicas que estão com níveis reduzidos de armazenamento de água, devido à seca, e que servem para rega e para abastecimento público.
Na ocasião, o secretário de Estado admitiu que a retirada dos peixes se possa iniciar “já na próxima segunda-feira”, caso não se verifiquem problemas com o concurso público lançado para contratar pescadores que realizem a tarefa.
O presidente da EDIA considerou hoje que, “se tudo correr bem” com o procedimento de contratação das equipas de pescadores já iniciado pela empresa, os trabalhos podem vir a arrancar na segunda-feira, na barragem da Vigia, que está só com 14% do volume de armazenamento.
“Temos que estender os contratos que temos com estas equipas de profissionais a essas albufeiras e, como empresa pública, temos que ter um processo concorrencial”, que está a decorrer “da forma mais expedita possível”.
A própria EDIA já retirou cerca de 12 mil quilos de peixe de duas das barragens do empreendimento do Alqueva, mais precisamente a dos Álamos e a do Loureiro, e estendeu agora essa remoção à albufeira do Pisão.
“Este trabalho de remoção de massa piscícola é algo que a EDIA já tem vindo a fazer, de forma mais ou menos rotineira, sempre que as albufeiras baixam consideravelmente, como este ano está a acontecer”, disse.
Como os peixes ficam “privados do volume de água que habitualmente exploram, começam a ter algum stress e é por isso que os temos de retirar, antes que o ecossistema entre em colapso e ocorram episódios de mortandade de peixe” que, depois, iriam “estragar a qualidade da água”.
“É isto que estamos a tentar evitar”, ou seja, “evitar que os peixes morram, para que não apodreçam e para que não estraguem a água”, explicou José Pedro Salema.
A massa piscícola a retirar das barragens vai ser pescada com recurso a redes, por pescadores, de barco, e, como “este peixe não tem valor comercial e não pode ir para a lota”, vai ser encaminhado para fábricas de rações animais, referiu.
São fundamentalmente carpas”, mas, neste tipo de operações, afirmou, costumam aparecer também nas redes espécies como “lúcios, pimpões, lúcios-perca e barbos”, entre outras.
Na quarta-feira, o secretário de Estado Carlos Martins assumiu que garantir a qualidade de água nas albufeiras que servem para abastecer as populações é, “agora, a principal preocupação” das autoridades em relação à seca.
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