“De uma maneira geral, as bacias hidrográficas a sul do Tejo, mesmo com a recuperação que tiveram, têm menos água do que é comum”, afirmou o ministro, após uma visita à Barragem do Pego do Altar, no concelho de Alcácer do Sal, distrito de Setúbal.
A bacia hidrográfica do Sado, frisou, é “uma evidência” dessa situação: “Estava nos 20%”, antes dos dias de chuva, agora, “está nos 40%”, mas “era expectável que estivesse nos 50%”.
“E há ainda algumas albufeiras”, como a do Monte da Rocha, no concelho de Ourique (Beja), que é “muito importante para o consumo público”, que ainda “está longe de ter o volume de água que permita dizer” que este vai ser “um ano descansado”, realçou João Matos Fernandes.
Em declarações aos jornalistas, na Barragem do Pego do Altar, precisamente, na bacia do Sado, o governante explicou que, a norte do Tejo, a situação já é diferente.
“A norte do Tejo, já não haverá nenhuma situação em seca, sobretudo, não há nenhuma albufeira que tenha os seus níveis de armazenamento significativamente abaixo do que é normal para a época”, assinalou.
Mas, de acordo com o titular da pasta do Ambiente, a seca ainda não é uma questão “do passado” e é necessário que se continue a poupar: “Se todos fizermos o esforço de poupar água”, então, “sim, teremos um ano descansado, mesmo para os utentes do Monte da Rocha”.
“Poupar água é uma ideia que tem que ser independente de vermos chuva ou não. Nós temos mesmo de nos adaptar e a agricultura, a indústria e os consumidores urbanos têm que consumir menos água”, sublinhou.
Ainda em relação à seca, João Matos Fernandes, que se deslocou à Barragem do Pego do Altar, com o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, para ver os trabalhos de retirada de terras da albufeira realizados pelo Exército, assinalou ainda que o país está “hoje muito melhor do que há 15 dias”.
Mas, insistiu, perante as alterações climáticas, é preciso “consumir pouca água”, porque esta “não se inventa, não se cria”.
“Estamos na bacia mediterrânica, que é um dos ‘hotspots’ das alterações climáticas e, claramente, um dos espaços do mundo onde a água que se consome é mais do que a água que a natureza nos dá. E, por isso, temos que poupar água” e “ser mais eficientes no seu uso”, frisou.
Pego do Altar é uma das barragens do país em que o Governo decidiu proceder à retirada de terras dos respetivos leitos, no âmbito das medidas contra a seca, para aumentar a capacidade de armazenamento de água dessas albufeiras.
No total, em 90 hectares desta albufeira, estava previsto que o Exército, fruto de um protocolo com a Agência Portuguesa do Ambiente, procedesse à decapagem de 580 mil metros cúbicos de terras, mas os trabalhos, iniciados a 20 de fevereiro, foram suspensos no dia 02 deste mês, devido à chuva, numa altura em que tinham sido retirados pouco mais de oito mil metros cúbicos.
“É uma percentagem pequena porque não houve muitos dias de trabalho. Até ao final de junho, se nunca chovesse, e felizmente choveu”, a quantidade de metros cúbicos que estava prevista “seria toda retirada”, explicou o ministro do Ambiente.
Nas declarações aos jornalistas, João Matos Fernandes alertou ainda as associações de regantes de albufeiras servidas pelo Alqueva a solicitarem atempadamente água ao empreendimento para as suas campanhas de rega.
“Quanto mais cedo esses pedidos forem feitos, mais depressa podemos satisfazer esses mesmos pedidos, levando a água a esses locais”, avisou o ministro que, durante a manhã, participou, em Alcácer do Sal, na cerimónia de entrega do 24.º Prémio Defesa Nacional e Ambiente, atribuído à Base Aérea n.º 5, com uma menção honrosa ao Aeródromo de Manobra n.º 1, ambos da Força Aérea Portuguesa (FAP).
Última atualização às 15:51
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