Na sede nacional do PSD, em Lisboa, Pedro Santana Lopes entregou hoje as 2525 assinaturas que apoiam a sua candidatura à liderança, no último dia do prazo, a menos de duas semanas das eleições diretas marcadas para 13 de janeiro.
“Não quero reinventar o PSD, o partido não precisa de ser reinventado, já teve piores e melhores resultados, eu fui protagonista de um dos menos bons, mas não só eu”, afirmou Santana Lopes aos jornalistas, defendendo uma modernização e uma maior abertura do partido à sociedade.
Santana Lopes fez questão de apresentar como uma diferença em relação ao seu adversário, Rui Rio, - que apresentou a sua moção na passada quarta-feira – o posicionamento em relação a um acordo de Governo de bloco central.
“Nesta moção, naquilo que tenho dito não existem equívocos nessa matéria: entendemos que deve haver alternativa entre os dois principais partidos do sistema partidário, não devem estar juntos no Governo”, defendeu o antigo primeiro-ministro, considerando que esse tipo de solução leva ao crescimento dos extremos e enfraquece os principais partidos.
Na moção de 55 páginas, que recupera o ‘slogan’ da candidatura “Unir o partido, ganhar o país”, estão também inscritos os objetivos para os próximos atos eleitorais.
“O nosso grande objetivo é ganhar legislativas em 2019, ao PS, é também manter a maioria absoluta na Madeira, vencer as europeias e voltar a ser o principal partido autárquico e lutar pela conquista de poder nos Açores”, explicou Santana.
Apesar de as presidenciais de 2021 já ficarem fora do âmbito de uma moção de estratégia de dois anos, Santana Lopes fez questão de incluir a defesa do apoio do partido a uma eventual recandidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa.
“Faço-o também porque este Presidente da República tem representado um caso excecional no exercício de magistratura suprema do país, não só de popularidade, mas de entendimento do sistema político e de relacionamento com os governos em funções”, justificou Santana, elogiando a primeira metade do mandato presidencial do chefe de Estado.
O antigo primeiro-ministro fez questão de se referir à mensagem de Ano Novo do chefe de Estado, que na segunda-feira pediu que 2018 seja um ano de reinvenção.
“Esse termo, reinvenção, é usado na nossa moção de estratégia, tem sido usado por mim frequentemente”, destacou, defendendo que Portugal tem de sair do circulo vicioso que o tem levado a cair em situações de emergência económica.
Na apresentação da moção, Santana Lopes aproveitou para fazer um balanço da sua campanha, que já leva 72 dias – desde que apresentou publicamente a candidatura em 22 de outubro -, 87 iniciativas por todo o país, contacto com mais 12 mil militantes e cerca de 30 mil quilómetros percorridos.
“Formalizar uma candidatura à liderança do partido na sua sede nacional tem um significado especial, representa um compromisso com a sua história, o respeito pelos seus combates, pela sua identidade, pela sua matriz ideológica”, sublinhou.
O candidato defendeu que a sua moção “não é um libelo acusatório contra ninguém”, mas a definição da forma de fazer política no partido, caso seja o próximo presidente, e lamentou ter encontrado na moção do seu adversário “muito mais considerações negativas sobre o PPD/PSD do que sobre outros partidos”.
“A moção diz por onde queremos ir, com quem queremos ir, de quem somos diferentes, com quem admitimos estar juntos”, afirmou.
Na moção de Santana Lopes, lê-se que o PSD “idealmente” concorrerá sozinho às próximas legislativas.
Em matéria económica, o candidato lamentou que Portugal continue “abaixo da média europeia” em vários domínios, 30 anos depois de ter aderido à então Comunidade Económica Europeia.
“O Estado continua a gastar demais e por isso continuamos a pagar impostos de mais, a economia cresce de menos”, disse.
Em termos partidários, o candidato compromete-se a assegurar o equilíbrio de género nos órgãos nacionais e que os deputados de cada círculo sejam originários ou residentes nesse mesmo círculo.
Santana Lopes anunciou ainda que, caso seja eleito, nomeará a partir de 19 de março a comissão coordenadora para as próximas eleições autárquicas (2021) para que o PSD volte a ser o maior partido a nível do poder local.
Sobre as Regiões Autónomas, assumiu como prioridade nos Açores uma solução para a base das Lajes, nomeadamente quanto à descontaminação dos solos, e na Madeira do hospital central, bem como em ambos os arquipélagos os custos das ligações aéreas ao continente.
“Tenho encontrado por todo o país cansaço, desilusão, dificuldade em sonhar (…) É necessário ousarmos, esta candidatura não é para gerir o que existe, mas para corresponder às expectativas nacionais de tornar Portugal num país mais desenvolvido, progressista e justo”, disse.
Na apresentação da moção, Santana Lopes esteve acompanhado do presidente da Comissão Nacional, Rui Machete, do mandatário nacional, Almeida Henriques, e de Carlos Carreiras e Bacelar Gouveia.
No final, o candidato reuniu-se durante perto de uma hora com o presidente do partido, Pedro Passos Coelho, que, no final o veio acompanhar à saída da sede nacional.
(Notícia atualizada às 12h42)
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