O Supremo Tribunal dos EUA anulou hoje a proteção do direito ao aborto em vigor no país desde 1973, numa decisão classificada como histórica que permitirá a cada Estado decidir se mantém ou proíbe tal direito.
O The New York Times lançou uma ferramenta para monitorizar os estados em que a decisão do Supremo Tribunal dos EUA teve efeito imediato e aqueles que deverão implementar restrições dentro de dias, semanas ou meses.
Neste momento, o aborto é já proibido em nove estados. Eis a listagem:
Interrupção da gravidez proibida com efeito imediato:
- Alabama
- Arkansas (sem excepções para casos de violação ou incesto)
- Kentucky (sem excepções para casos de violação ou incesto)
- Louisiana (sem excepções para casos de violação ou incesto)
- Missouri (sem excepções para casos de violação ou incesto)
- Oklahoma (com excepções para casos de violação ou incesto)
- South Dakota (sem excepções para casos de violação ou incesto)
- Utah (com excepções para casos de violação ou incesto, ou para salvar a vida da mulher)
- Wisconsin
A proibição do aborto deverá ser aprovada muito em breve nos seguintes estados:
- Idaho (dentro de 30 dias uma lei deverá restringir o aborto em praticamente quase todos os casos)
- Mississippi (dentro dias uma lei deverá restringir o aborto em praticamente quase todos os casos)
- North Dakota (dentro de 30 dias uma lei deverá restringir o aborto em praticamente quase todos os casos)
- Tennessee (dentro de 30 dias uma lei deverá restringir o aborto em praticamente quase todos os casos, sem excepção para incesto ou violação)
- Texas (dentro de 30 dias uma lei deverá restringir o aborto em praticamente quase todos os casos, sem excepção para incesto ou violação)
- West Virginia
- Wyoming (dentro dias uma lei deverá restringir o aborto em praticamente quase todos os casos)
A proibição ou restrição do aborto deverá ser aprovada dentro de semanas ou meses:
- Arizona (aborto ilegal depois das 15 semanas de gravidez, sem excepções para violações ou incesto; lei entrará em vigor em setembro)
- Florida (aborto ilegal depois das 15 semanas de gravidez, lei entrará em vigor a 1 de julho)
- Georgia (aborto ilegal depois das 6 semanas de gravidez)
- Ohio (aborto ilegal depois das 6 semanas de gravidez, sem excepção para violação ou incesto)
- South Carolina (aborto ilegal depois das 6 semanas de gravidez)
Estados onde ainda é incerto como a legislação vai evoluir em relação à interrupção voluntária da gravidez:
- Indiana (aborto permitido até às 22 semanas atualmente)
- Iowa (aborto permitido até às 22 semanas atualmente)
- Kansas (aborto permitido até às 22 semanas atualmente)
- Michigan (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal, *ou seja, a partir do momento em que o feto pode sobreviver fora do útero, que ocorre geralmente em torno de 24 semanas de gestação, mas o entendimento varia de estado para estado).
- Montana (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
- Nebraska (aborto permitido até às 22 semanas atualmente)
- Carolina do Norte (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
- Pensilvânia (aborto permitido até às 24 semanas atualmente)
- Virginia (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
Estados onde se perspectiva que o aborto continuará a ser um direito protegido legalmente:
- Alaska (sem limite gestacional)
- Colorado (sem limite gestacional)
- Illinois (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
- Maine (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
- Massachusetts (24 semanas)
- Minnesota (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
- Nevada (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
- New Hampshire (24 semanas)
- Novo México (sem limite gestacional)
- Rhode Island (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
- California (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
- Conneticut (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
- Washington, D.C (sem limite gestacional)
- Delaware (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
- Havai (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
- Maryland (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
- Nova Jérsia (sem limite gestacional)
- Nova Iorque (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
- Oregon (sem limite gestacional)
- Vermont (sem limite gestacional)
- Washington (a gravidez pode ser interrompida até ao ponto de viabilidade fetal)
Os juízes da mais alta instância judicial norte-americana, atualmente com uma maioria conservadora, decidiram hoje anular a decisão do processo “Roe vs. Wade”, que, desde 1973, protegia como constitucional o direito das mulheres ao aborto.
Esta decisão não torna ilegais as interrupções da gravidez, mas devolve ao país a situação vigente antes do emblemático julgamento, quando cada Estado era livre para autorizar ou para proibir tal procedimento.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou, entretanto, que esta decisão constitui um “erro trágico” e é resultado de uma “ideologia extremista”.
O ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama já acusou o Supremo Tribunal do país de "atacar as liberdades fundamentais de milhões de mulheres americanas", enquanto o ex-vice-presidente republicano Mike Pence congratulou-se pelo Supremo Tribunal ter "atirado para o caixote do lixo" a lei do aborto.
(Noticia atualizada às 10:20 de 25/06/2022: acrescenta o estado do Utah à lista de locais onde o abordo já não é permitido; corrige as regras da interrupção voluntária da gravidez em Oklahoma)
Comentários