Qual é a notícia?

A Rússia denunciou hoje que um grupo de combatentes ucranianos entrou no sul do seu território e abriu fogo contra civis na aldeia de Lyubechane, uma acusação rejeitada pela Ucrânia, que a classificou como sendo uma "provocação deliberada".

Como é que isto aconteceu?

O Serviço Federal de Segurança (FSB) e as autoridades locais de Bryansk anunciaram nesta quinta-feira operações para "eliminar" um grupo de "sabotadores" ucranianos infiltrado nesta região, que fica 400 quilómetros a sudoeste de Moscovo.

No decurso deste ataque, o FSB confirmou o balanço de dois civis mortos e uma criança de 10 anos ferida, divulgado mais cedo pelo governador regional, Alexander Bogomaz, que disse que "um grupo de reconhecimento e de sabotagem entrou na localidade de Lyubechane pela Ucrânia". De acordo com o governador, "os sabotadores abriram fogo contra um veículo em movimento". 

O que aconteceu aos atacantes?

Bateram em retirada depois da reação russa. "A situação nas localidades do distrito de Klimovski, na região de Bryansk, está sob o controlo das forças de segurança. Um grande número de explosivos de diferentes tipos foi encontrado", afirmou o FSB posteriormente, segundo as agências de notícias russas.

As mesmas agências disseram que, segundo testemunhas e fontes das forças de segurança, o grupo ucraniano terá feito reféns, mas essas informações não puderam ser verificadas junto de fontes independentes.

Em dois vídeos publicados nas redes sociais, quatro homens de uniforme que afirmam serem membros de um grupo de "voluntários russos" do Exército ucraniano reivindicam terem-se infiltrado em Bryansk. Nas gravações, cuja autenticidade também não pôde ser verificada, os homens negam terem tomado reféns, ou matado civis, e criticam Moscovo.

Mas sabe-se se foram mesmo ucranianos?

Essa é que é a questão. As regiões russas de fronteira com a Ucrânia foram alvo de vários bombardeamentos desde o início do conflito, mas são bem mais incomuns os casos de incursões ucranianas em território vizinho.

O conselheiro de Segurança da presidência da Ucrânia, Mikhailo Podoliak, classificou este incidente como uma "provocação deliberada" da Rússia com o objetivo de "assustar a sua população para justificar" a ofensiva no território vizinho.

Pololiak disse que o incidente pode estar relacionado com uma ação de "milicianos" russos, que operam com métodos de guerrilha.

Já o presidente russo, Vladimir Putin, chamou aos agressores "terroristas e neonazis". 

O Exército russo "protege a Rússia e o nosso povo contra os neonazis e os terroristas (...) Aqueles que cometeram um novo ataque terrorista infiltraram-se no nosso território fronteiriço e abriram fogo contra civis", afirmou num discurso exibido na televisão.

À conta desta ocorrência, Putin cancelou uma viagem prevista para o Cáucaso russo, informou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

*com agências