“Apesar da lamentável e desnecessária greve de hoje em seis dos nossos 37 mercados”, todos os 400 voos partiram pontualmente esta manhã, segundo informação divulgada na rede social Twitter.
A companhia irlandesa de baixo custo referiu que mais de 2.150 voos, 90% da operação agendada, irão operar e transportar 400 mil passageiros pela Europa, recordando que tentou minimizar os transtornos da paralisação de 24 horas.
Numa contagem feita pela agência Lusa, até às 10:45 e relativamente a todo o dia, havia entre partidas e chegadas da Ryanair, nove registos de cancelamentos no aeroporto de Lisboa, enquanto no Porto esse número era de 28 e em Faro não havia informação de perturbações, nem em Ponta Delgada.
O Sindicato Nacional de Pessoal de Voo da Aviação Civil, através da sua presidente, Luciana Passo, contabilizou, durante a manhã, três cancelamentos de seis viagens programadas em Lisboa e seis de 10 agendamentos no Porto.
“Em Faro, foram cancelados quatro de oito voos e até às 10:30, em toda a Europa houve 136 cancelamentos dos voos programados, contabilizados já depois dos cancelamentos anunciados previamente pela Ryanair”, disse a dirigente à agência Lusa, referindo que a greve levou a “perceber-se como é o sistema da Ryanair” e que o tema nas organizações europeias.
A ANA-Aeroportos de Portugal inscreveu na sua página o aviso que devido ao protesto, que começou pelas 04:00, se aconselham “os passageiros afetados pela greve e que receberam aviso prévio da companhia aérea a não se deslocarem para o aeroporto e a procederem à remarcação ‘online’ dos seus voos”.
A Ryanair tinha já anunciado o cancelamento para hoje de, pelo menos, 250 voos devido à greve dos tripulantes de cabine de Portugal, Espanha, Bélgica, Holanda, Itália e Alemanha, assim como dos pilotos de bases alemãs e das holandesas.
Os trabalhadores têm reivindicado a aplicação da lei nacional e não da irlandesa, com a empresa com sede em Dublin a garantir disponibilidade para negociar acordos.
Segundo a agência noticiosa France Presse, no aeroporto belga de Charleroi estão 30 manifestantes, vestindo T-shirts com a frase "Ryanair must change" (Ryanair tem de mudar).
Em Eindhoven, na Holanda, o porta-voz do sindicato dos pilotos VNV, Joost van Doesburg, indicou que alguns passageiros apenas souberam do cancelamento dos seus voos depois de passarem os controlos de segurança e que o “ambiente estava elétrico”.
A Associação Europeia de Tripulantes de Cabine (EurECCA) manifestou o seu apoio à greve “de último recurso”.
“A última coisa que os tripulantes de cabine querem é causar perturbações aos passageiros devido à inflexibilidade, comportamento não razoável e mentalidade única da gestão da Ryanair”, segundo Xavier Gautier, secretário geral da EurECCA, que notou que a situação entre a empresa e os trabalhadores se tem degradado.
Esta semana, a comissária europeia para o Emprego e Assuntos Sociais, Marianne Thyssen, depois de um encontro com o presidente executivo da companhia, Michael O'Leary, afirmou que o " respeito pelo direito comunitário não é algo que os trabalhadores devem ter de negociar".
Segundo o executivo comunitário, "não é a bandeira do avião que determina a lei aplicável. É o local de onde os trabalhadores saem de manhã e regressam à noite, sem que o empregador tenha de cobrir os custos".
Por seu lado, O'Leary apelou à anulação da greve, na quarta-feira, em Diegem, próximo do aeroporto de Bruxelas-Zaventem, segundo agência Belga.
A greve de hoje é a continuação de um movimento de descontentamento dos trabalhadores, que em Portugal já contou com paralisações no período da Páscoa e em julho dos tripulantes de cabine.
Em 25 e 26 de julho tinha já ocorrido uma greve europeia dos tripulantes, que obrigou ao cancelamento de cerca de 600 voos, enquanto, em agosto, os protestos dos pilotos levaram a perturbações em 400 voos.
A Ryanair tem 86 bases na Europa e anunciou na quinta-feira a abertura de duas novas em Bordéus e Marselha.
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