“Eu disse [na quarta-feira], quando muito se houver é uma convulsãozita, para ser sincero não a notei, bem pelo contrário, notei uma reunião muito prolongada, com muitas intervenções, intervenções construtivas”, afirmou Rui Rio, em declarações aos jornalistas no final da sua primeira reunião com o grupo parlamentar do PSD.
Perante as várias perguntas sobre críticas que lhe terão sido dirigidas, o presidente do PSD considerou que aconteceu aquilo que esperava: “Uma realidade dentro da sala e outra difundida para fora, já estava à espera, a reunião correu de forma absolutamente normal”.
Questionado se não ouviu críticas sobre a sua estratégia de aproximação ao PS – feitas pelo ex-líder parlamentar Luís Montenegro -, Rui Rio disse que o que ouviu foi “algum ceticismo relativamente à boa vontade” dos socialistas nos acordos com o PSD.
“Em 89 deputados cada um diz o que sente, não é por um dizer uma coisa que isso possa fazer regra. Naquilo que é o traço comum da reunião, eu não vejo como é que a reunião pudesse correr melhor, há líderes que gostam muito que se levantem todos a bater-lhe palmas, não é propriamente o meu estilo”, afirmou.
O presidente do PSD disse que continua a contar com todos os deputados, embora admita que haverá “três ou quatro que demorará mais 15 dias a estarem completamente alinhados com os 89”.
Rui Rio afastou, contudo, qualquer atitude de ostracismo em relação aos críticos e lembrou que só no domingo completará três semanas à frente do partido.
O líder social-democrata defendeu que a interação com o grupo parlamentar será “muito estreita” e feita no dia a dia, quer por parte da direção nacional, quer por parte do novo Conselho Estratégico Nacional (CEN), mas admitiu novas reuniões com a bancada ou até só com parte dos deputados, se em causa estiver uma matéria específica.
Questionado sobre uma frase que disse na sua intervenção inicial na reunião à porta fechada – que “não se ganham eleições, as eleições perdem-se” – Rio negou que tal signifique uma desvalorização do papel da oposição, pelo contrário.
“A oposição tem duas vertentes, a de apontar falhas, e outra a construtiva (…) é a junção das duas que nos pode levar a ganhar eleições”, defendeu.
O novo presidente do PSD voltou a explicar alguns dos mecanismos de funcionamento do novo CEN, uma estrutura dividida por secções temáticas (à partida 16) e que terá porta-vozes e coordenadores, que falarão em nome do partido nos vários assuntos, e que poderão ser replicados à escala distrital.
Rio admitiu que os porta-vozes – com um papel mais executivo – possam ser, excecionalmente, deputados ou membros da direção, mas assegurou que essa não será a regra e adiantou que os porta-vozes distritais serão nomeados dentro da própria secção temática.
Apesar de, aos jornalistas, se ter recusado a responder às críticas de Luís Montenegro, na sua intervenção final o presidente do PSD disse acreditar “genuinamente na boa vontade do PS” nas tentativas de entendimento entre os dois partidos. segundo relatos feitos à Lusa.
“Eu acredito que há uma parte do PS que sinceramente deseja um diálogo construtivo”, afirmou, defendendo que compete ao PSD “puxar” por esta parte do PS, o que será possível se tiver a opinião pública do lado dele.
Na sua intervenção final perante os deputados, Rui Rio voltou a criticar o que chama de judicialização da política, admitiu a visão de reforma que pretende para o setor pode implicar uma revisão constitucional e justificou não ter marcado presença na primeira reunião dirigida por Fernando Negrão por a direção não estar ainda completa, mas, sobretudo, para todos poderem falar livremente na estreia do novo líder parlamentar.
Na reunião, as intervenções mais duras partiram de Luís Montenegro, Teresa Morais e Carlos Abreu Amorim, mas também Miguel Morgado, Aguiar-Branco e Hugo Soares fizeram referências críticas à forma como tem decorrido a transição interna.
A favor de Rui Rio, falaram os deputados José Silvano, Fátima Ramos e Nilza Sena.
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